Requiescat in pace

Mila Moreira – 1946|2021

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Fisgada

Óleo essencial de lavanda. A recomendação veio de uma amiga, que, ao que tudo indica, já havia passado pelas mesmas chagas… As mesmas dores, os mesmos receios e dúvidas. Embora elas intuíssem que compartilhavam histórias similares e sentissem a necessidade de apoiarem-se nessa caminhada longa e caprichosamente repleta de percalços, a delicadeza do assunto não permitia que avançassem para além das suposições dessa cumplicidade quieta. Se estivesse enlouquecendo, que ninguém mais se preocupasse com isso. E, nem com as melhores intenções do mundo, avançassem igualmente sobre a fronteira da sua descompensada intimidade.

Mas uma dica aqui, uma frase bem dita ali e inúmeras mentalizações, emanações de desejos de força e de sucesso na empreitada eram trocados entre ambas como garantia de que a realização da primeira representasse a esperança na concretização dos sonhos da segunda e, assim, prosseguiam, numa espécie de escambo otimista.

A amiga disse à Helena para massagear a região do chacra cardíaco com óleo essencial de lavanda sempre que a fisgada no peito, palpitações ou o aquecimento nessa região viessem acompanhados de dor muscular, de compressão ou de contração na pele sobre o coração. Tinha a ver com a transmutação das reações físicas, emocionais e espirituais. No início, tão logo descartou, por meio de exames e laudos médicos, as possibilidades de complicações orgânicas, de problemas à saúde do corpo físico ou de algum mau funcionamento desse seu motor, ela naturalizava aqueles incômodos como uma marca da conexão energética recém-descoberta, que se manifestava, entre outras coisas também nessa “sofrência”, no melhor estilo dos clássicos sertanejos que tocam nas rádios do interior. Tinha certa beleza e certo apego no reconhecimento daquelas vibrações a lhe fazer companhia.

Com o tempo e o desgaste das expectativas, pelo freio de mão puxado da redução das ansiedades, ela se determinou a livrar-se de quaisquer sofrimentos e desapegar-se de dores e dúvidas. “Não é certo encarcerar-se, atrasar-se; não é certo naturalizar qualquer dor que seja ou admitir padecimentos”, refletiu e logo se determinou a efetuar uma guinada de 180 graus no foco das suas ideias. Não 360, pois a levaria ao mesmo ponto de partida. Arejou a mente, os pensamentos e as relações. Sabia que qualquer distanciamento não a levaria muito longe de si mesma, mas justamente para encontrar-se é que necessitava desprender-se de algumas amarras e âncoras de baixas vibrações. Sua plenitude e espontaneidade se deixaram sufocar por desejos e ausências que lhe roubavam o sono e a sanidade emocional.

Respirar era essencial. A fragrância tinha o poder de acalmar sua mente e devolver-lhe a confiança nos propósitos daquela jornada. Sabia que era o certo a se fazer. As palavras da professora de Química do antigo segundo grau, que se fez amiga dos adolescentes e, sempre que podia, transmitia a eles mensagens espiritualizadas e carregadas de simbolismos, por mais contraditórias que lhe parecessem, voltavam a sua cabeça, como se, a seu tempo, uma a uma, as peças de um quebra-cabeças da existência humana fossem sendo assentadas no tabuleiro daquele jogo. “O que é da gente, vem pra gente!”, dizia a mestra. Num insight, Helena percebeu que não foi por acaso que aquilo lhe havia sido dito há mais de três décadas. Foi para que ela guardasse aquelas palavras na lembrança – arquivasse -, até o dia em que elas realmente finalmente fizessem sentido. Mesmo se pegando a repetir a frase em conselhos para outras pessoas, nas mais diversas situações ao longo dos anos, só agora é que era chegada a hora de entender, confiar e de se apoiar naquela meia dúzia de palavras… Os grãozinhos!

Nas alternâncias de dores e de humores, percebeu que todo o esforço nem era tão gigantesco assim, como a tristeza lhe testava a cada período… Estava apenas semeando grãos. Em velocidade incompatível com as urgências e carências deste plano físico. Aquela fisgada no peito tem um endereço, tem um rosto, tem um nome e se espelha em outro peito, distante… Que vibra na mesma intensidade, sem sequer tomar ciência nem erguer questionamentos.

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Ficou banguela depois que comeu um alimento? E agora?

O consumidor quebrou o dente e ficou banguela após comer um pacote de pipocas.

Havia uma porca de metal dentro do pacote e o consumidor mastigou-o, dessa forma, quebrou os dentes. Ele precisou ser submetido a tratamento dentário e como trabalhava de marinheiro e lidava diretamente com as pessoas, sentiu-se bastante envergonhado em decorrência desse dano.

Entrou em contato com a empresa e não obteve sucesso em sua indenização. Resultado: teve que ajuizar uma ação na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina.

O autor da ação filmou o fotografou o produto e o metal que lhe causou a quebra do dente.

A empresa alegou que o vídeo não tinha nenhuma relação com o dano e o produto e que as fotos não demonstravam que o objeto de metal estava dentro do pacote de pipocas.

Cabia ao fabricante o ônus da prova, sem possibilidade de se esquivar desta responsabilidade ou apenas demonstrar que seguia normas técnicas e legais.

A sentença condenou a empresa em R$1.790,00 pelos gastos do autor para a reparação dos dentes e o dano moral foi fixado em R$ 5 mil reais.

Também em Florianópolis, um consumidor mastigou uma pedra, encontrada na comida, servida num bufê e recebeu a indenização total de R$ 12 mil reais, sendo o dano material de R$ 8 mil reais e R$ 4 mil reais de danos morais.

Nesse caso o serviço falho prestado gerou ao cliente consequências como uma cirurgia dental complexa, instalação de coroa provisória com hastes e, após seis meses, montagem de coroa provisória sobre implante, manipulação gengival e montagem da coroa definitiva de porcelana sobre o implante.

No Distrito Federal, houve um caso parecido no qual a empresa foi condenada a pagar indenização por danos morais e materiais a um consumidor que teve o dente quebrado após comer uma linguiça. O consumidor recebeu R$ 1.965,00 a título de reparação dos danos materiais, e R$ 4 mil por danos morais.

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© Guto Lacaz

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Alegorias bíblicas

© Gal Oppido

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Dirigido por cineasta neozelandesa ‘ Ataque dos cães ‘ põe o oeste pelo avesso

Ataque dos cães, de Jane Campion, que está estreando na Netflix, é um ponto alto no processo de releituras poéticas e políticas que o gênero western vem recebendo nos últimos anos. O fato de ser dirigido por uma mulher, ainda por cima neozelandesa, corrobora a ideia de que é a partir das bordas que essa mitologia fundadora da cultura mainstream norte-americana vem sendo questionada mais agudamente.

Igualmente significativa é a emergência de um filme como Vingança & castigo, também disponível na Netflix. Seu diretor, o cantor, compositor e produtor musical negro inglês Jeymes Samuel, é mais conhecido pelo pseudônimo The Bullitts. Vingança & castigo, seu segundo longa-metragem, é um faroeste com elenco quase exclusivamente negro. O velho oeste, como se vê, não é mais feudo de homens brancos cis, para usar a linguagem corrente.

Mas vamos aos filmes. Inspirado em romance de Thomas Savage, Ataque dos cães ganhou uma porção de prêmios mundo afora, incluindo o de melhor direção em Veneza. É, de fato, um belo filme. Narra, em linhas gerais, o drama de uma viúva, Rose Gordon (Kirsten Dunst), que se casa com o criador de gado George Burbank (Jesse Plemons) e vai morar com ele em sua fazenda, nos confins desérticos de Montana. O ano é 1925.

José Geraldo Couto

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Terrivelmente evangélicos!

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No Brasil de Bolsonaro cansei de lutar contra o moinho de vento e decidi não fazer mais charges

Eu já estava isolado em casa antes da pandemia. Um isolamento que, em parte, era por motivos econômicos – a crise no mundo da arte é violentíssima há bastante tempo, mesmo antes do Bolsonaro, e para sobreviver fui dando cambalhotas. E fui ficando deprimido. Para me concentrar nos meus trabalhos, me recolhi, deixei de gastar dinheiro indo para a rua.

Fui forçado a um retiro sabático, mas passei a ter mais problemas de saúde, porque dentro de casa a cabeça fica girando, sem a reação do mercado. E aí veio a pandemia. Aquela sensação de estar sozinho, isolado, passou a valer para todos. Quando as pessoas se isolaram dentro de casa, em 2020, até brinquei com meus amigos: parecia corrida de Fórmula 1. Eu só vinha tomando volta dos outros carros, mas aí veio esse desastre que obrigou o carro madrinha a entrar na pista e a realinhar todo mundo no ponto de partida.

Hoje moro na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, mas nasci em Campo Grande (MS). Foi lá que comecei minha carreira de chargista. Acho que entrei para a profissão por causa do meu temperamento. Sempre fui contestador, não aceito resposta sem argumentar. Além disso, tive os estímulos certos. Meu pai era um cara à frente do tempo: era caminhoneiro, mas falava quatro idiomas e assinava revistas internacionais para que a gente pudesse ler. Por isso eu quis ser desenhista. Aos 15 anos fui trabalhar no Diário da Serra fazendo tirinhas, e em pouco tempo me arrisquei nas charges políticas, desenhando o prefeito, um vereador da cidade… Passei a me enxergar no Ziraldo e em todo o pessoal do Pasquim, que eram os meus ídolos, os heróis da resistência. Foi assim que me descobri chargista.

Aos 21 anos me mudei para o Rio de Janeiro. Pouco depois de chegar, fui contratado como desenhista pela DeMuZa, a empresa que Dedé, Mussum e Zacarias criaram depois de terem se separado do Renato Aragão. Trabalhei num filme deles, Atrapalhando a Suate. Essa foi minha escola de cinema, de roteiro, de tudo o que eu gostava na vida. Ali eu mergulhei no caldeirão do Asterix. Queria simplesmente beber aquilo e sair mais forte.

Victor Henrique Woitschach (Ique)

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Topete

O indicado de Jair Bolsonaro ao STF, André Mendonça, chamou a atenção durante a sabatina no pelo Senado por algo mais do que seus conhecimentos jurídicos. O implante capilar feito pelo ex-ministro da Justiça também se destacou. 

Guilherme Amado|Metrópolis

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©Aroeira|2021

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Quaxquáx!

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Aff! Enfim, a vez do ministro ‘terrivelmente evangélico’, que vai ficar no STF por 26 anos

O Senado aprovou nesta quarta-feira o nome do ex-advogado-geral da União André Mendonça para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ministro da corte indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, Mendonça recebeu 47 votos a favor e 32 contra —precisava de 41 para ser aprovado. Mais cedo, o placar da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) lhe favoreceu com 18 votos a 9. O principal predicado apresentado pelo presidente para indicar Mendonça foi o fato de ele ser “terrivelmente evangélico”. E, graças a um empurrão providencial da banca da Bíblia, ele se tornará o primeiro ministro declaradamente evangélico a ocupar uma cadeira de ministro do Supremo. Como tem 48 anos de idade, poderá ficar por 27 anos no cargo, já que a aposentadoria compulsória só ocorre aos 75.

“Um passo para um homem, um salto para os evangélicos”, resumiu o próprio Mendonça em pronunciamento após a aprovação de seu nome. Após lembrar sua infância humilde, quando “saia caminhando com uma Bíblia debaixo do braço”, o próximo ministro do STF agradeceu à Frente Parlamentar Evangélica pelo apoio a sua indicação. “Queremos dizer ao povo brasileiro que o povo evangélico tem ajudado este país, e quer continuar ajudando”, disse Mendonça. “Sei que virão decisões em que serei criticado, e merecerei por certo ser criticado, mas podem ter certeza de que tentarei fazer do meu país um país mais justo”, continuou, antes de dizer que respira porque deus lhe dá ar e prestar mais um dos agradecimentos a sua família, que permearam seu discurso.

A aprovação de seu nome ocorreu após uma intensa articulação da bancada evangélica, que envolveu ataques nas redes sociais ao presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Em confronto aberto com o Palácio do Planalto, Alcolumbre postergou a sabatina no colegiado por quatro meses, algo inédito até agora. Geralmente, correm no máximo 60 dias entre a indicação presidencial e a votação da nomeação de ministros do Supremo. O senador, que presidiu a Casa até o início deste ano, articulou para rejeitar o nome de Mendonça, por conta de um rompimento com Bolsonaro, que não o indicou para um ministério, como estava negociado entre eles no ano passado.

Mendonça vai para o STF com maior rejeição no Senado desde redemocratização

Com 47 votos a favor e 32 contrários no Senado, o ex-advogado-geral da União (AGU) André Mendonça teve indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) aprovada por um placar mais apertado do que todos os indicados ao cargo pelo menos desde a redemocratização do país, em 1985.

De todos os 29 ministros votados pela Casa a partir daquela data, nenhum teve tantos votos contrários quanto o segundo escolhido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Mendonça superou o ministro Edson Fachin, até então recordista no quesito, que teve 27 votos contrários em sua sabatina em 2015.

Entre os ministros que entraram no STF a partir do ano 2000 mas já deixaram a Corte, todos (Ellen Gracie, Cézar Peluso, Teori Zavascki, Joaquim Barbosa, Menezes Direito, Eros Grau e Ayres Britto) tiveram cinco votos contrários cada um, no máximo. Antes dessa época, quase todas as aprovações eram próximas da unanimidade, com raras manifestações divergentes.

Equipe Ultrajano

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