Paulo Maluf enfim cassado

O deputado Paulo Maluf teve o mandato cassado nesta quarta-feira. A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Câmara e não pelos deputados em Plenário. A carreira de Maluf é longa em malfeitorias, com a impunidade favorecida até então pelos incontáveis recursos e medidas permitidas pela Justiça no Brasil. A condenação que leva agora à sua cassação, por exemplo, demorou mais de 20 anos para acontecer. E esta é apenas uma das denúncias contra este político tão marcado pela má-fama que seu sobrenome acabou virando verbo ligado à corrupção.

Em agosto de 2016 os bancos UBS, da Suíça, e Citibank, dos Estados Unidos devolveram US$ 25 milhões à prefeitura de São Paulo, dinheiro de movimentação financeira desviado da prefeitura paulistana na década de 1990. Maluf e seu filho Flávio são réus nos Estados Unidos, onde estiveram presos. O ex-deputado também já foi condenado na França a três anos de prisão por lavagem de dinheiro em grupo organizado. Ele ficou durante anos na lista de procurados da Interpol e por isso não podia sair do país.

Em maio de 2017, Maluf foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro durante a gestão como prefeito de São Paulo, entre os anos de 1998 e 2006. Finalmente em dezembro do ano passado ele começou a cumprir a pena em regime fechado, até que em março deste ano o ministro Dias Toffoli autorizou que ele cumprisse prisão domiciliar, alegadamente por problemas de saúde. Coisas de um país como o Brasil, inclusive com absurdos como o de ter um tipo como Dias Toffoli como ministro do STF.

O engraçado é que a saída de Maluf acontece sem que a Câmara Federal tenha demonstrado nenhuma dignidade política na cassação. Ele foi preso em dezembro e só foi afastado das funções legislativas em fevereiro, medida determinada pelo STF e não pela Câmara. Os líderes da Câmara também vinham adiando a cassação, evidentemente dando tempo para a renúncia do deputado ao mandato. Ao longo de agosto, a decisão pela cassação foi adiada por três vezes. Sem piada, os crápulas estavam permitindo uma “saída honrosa” para o colega Paulo Maluf. Isso no conceito de honra de grupos similares aos dos nossos políticos, a exemplo do que acontece na máfia.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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