Logo agora, neste momento crucial da história brasileira, Balta Nunes está recolhido, discreto no afazer profissional. Perdão, devo explicar que Balta Nunes é o nome de guerra de Willian (‘n’ ao final, como o lateral do Chelsea) Pina Botelho, capitão do exército nacional, agora na patente de major. Balta Nunes era como Willian se apresentava à CUT e à UNE nas manifestações de rua contra Michel Temer e a favor de Dilma. Trabalhava disfarçado, Balta espionava a malta.

Balta faz falta nesta hora em que o ‘exército do Stédile’, assim nominado pelo generalíssimo Lula, é convocado para fazer frente aos apoiadores do juiz Sérgio Moro na audiência do dia 10, nesta semana, quando será ouvido o réu Luís Inácio Lula da Silva. Os exércitos auxiliares de Lula também virão a Curitiba. A dúvida está nos números das tropas de CUT e UNE. Sim, como na Venezuela, teremos as brigadas populares, talvez paramilitares.

A julgar pelas ameaças e pelas bravatas, rios de sangue vão encharcar a avenida Anita Garibaldi – nome adequado a local e momento, algo profético -, na enchente vermelha que fará um só o Ahú de Cima e o Ahú de Baixo. Escreveremos, finalmente, com sangue a nossa história? Nossos episódios de sangue foram raros. Não correu sangue na Independência, na proclamação da República, menos ainda na Revolução de 1964. Houve sangue, alhures, raro, mas localizado.

Perdoe, leitor, por chamar de revolução o que foi golpe, em 1964. Só o faço por amor à fidelidade histórica e à adequação do episódio. Em junho de 1964, Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara e um dos líderes civis da derrubada do presidente João Goulart, está na França, para explicar o evento. Na entrevista coletiva um repórter dispara: “Que revolução é essa, em que não correu sangue”. Para os franceses, desde 1789, revolução exige rios de sangue.

Lacerda, tribuno calejado em memoráveis debates na câmara federal, respondeu de modo já politicamente incorreto sessenta anos atrás: “Nossa revolução é como a noite de núpcias na França – não se derrama sangue”. O noticiário não registra a reação da imprensa e das noivas francesas. Lula e seus exércitos e tropas paramilitares nos deixam nessa encruzilhada. Dia 10 de maio teremos nossa revolução em estilo francês ou no modo noite-de núpcias? Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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