A senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR) é a primeira mulher a presidir um partido político no Brasil. Mas não é o primeiro réu a presidir partido político no Brasil. Na sua primeira entrevista, a senadora-presidente-ré afirma que os “petistas da Lava Jato não enriqueceram ilicitamente”.

Então enriqueceram licitamente? Não atenua nem absolve, pois cometeram outros crimes, como o de peculato, que não pressupõe enriquecimento. Quanto a isso de enriquecer, a senadora não empobrece por esperar. A senadora-presidente-ré nos promete boas piadas.

Nossas celebridades batem ponto em Portugal. Atores, promotores, atrizes e juízes vogam na ocidental praia lusitana. Sérgio Moro agitou Lisboa neste mês e os advogados alfacinhas já deitam a falar sobre ‘colaboração estimulada’.

Perguntei a Nuno Mocho Caparica, parceiro de pós em Coimbra, por que não chamam ‘delação premiada’. “Porque a gente toda ia dizer ‘falação’, que em português de sílabas engolidas pode confundir com ‘felação’. E felação cá em Portugal não pode ser premiada”.

Não renuncio, se quiserem que eu saia, terão que me matar”. A última bazófia de Michel Temer. Matar Michel Temer agora seria um crime: vilipêndio de cadáver.

Da rede. Contam ao senador que um dentista havia sido preso por tráfico de drogas. Surpreso, comenta, “estranho, sou cliente dele há mais de dez anos e nunca soube que era dentista”.

POR QUÊ? Nada contra, é cultural, metade do Brasil usa o erre retroflexo, o erre caipira dobrado, de porrta, carrne, por aí. Há estudos que mostram a origem indígena, o que não deixa de ser motivo de orgulho nacional. Aqui no Paraná, então, nem se discute sua existência; os amadores curiosos metem-se a pontuá-lo pela intensidade: para mim, o de Ponta Grossa, depois o de Matinhos, em seguida vem Cascavel, Londrina, por aí, conforme a sensibilidade e audição do analista. Eles mesmo, como os críticos em geral, também caem vez ou outra no retroflexo.

Tem pessoas, carentes da fonoaudiologia, que tentam superá-lo pelo próprio esforço. Uns conseguem, outros beiram o desastre, caso da linda mocinha de Ponta Grossa que em Curitiba se apresentava como ‘Gobeita’ – um gê e um i para disfarçar os erres de Roberta. Falando em mocinha bonita é aí que mora o problema: os puristas machistas mulherengos linguistas não toleram o erre retroflexo nas mulheres. Dou o exemplo com o qual convivo três vezes na semana, uma hora diária. Perdoem o complexo de Professor Higgins.

Garota linda, 1,75, esguia, atlética, loira natural, cabelos crespos – meu avô diria dela ogni riccio um capriccio, cada carrapicho, um capricho -, formas definidas em proporção, sem exageros mas eloquentes e sugestivas nos pontos unanimemente votados. Completa-se com o namorado atlético, morenão, fortão, ancestral absurdo da seleção natural. Vai tudo bem com a moça até que ela reclama com o personal trainer, “não tenho tanta forrça”. Nessa hora dá saudade das novelas, em que as mulheres falam com o mesmo sotaque.

Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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