Grilo falante. Nunca esqueço o comentário que o jornalista Celso Nascimento (hoje titular do contraponto.jor.br) fez-me uma vez sobre dois personagens locais em episódica evidência: um era o Pinóquio, o outro o Grilo Falante. Minha experiência com os personagens fora na infância, portanto fingi que entendia. Como quem tem Google não morre ignorante, aprendi a moral da história: pinóquio é o boneco que mente; o grilo, sua consciência.

Os tucanos do Paraná têm os dois personagens, bem atuais, atuando no drama shakespeareano de apoiar Michel Temer. O secretário Valdir Rossoni quer descer imediatamente tanto do muro quanto do governo. Escreveu cobras e lagartos de Aécio Neves, o presidente do PSDB. O governador Beto Richa, na ocasião, pressionado por Aécio, disse que nada sabia. Sobre desembarcar do governo, Beto todo cuidadoso, dizia ainda não ser tempo, tinha o lance da governabilidade.

Na recente reunião das lideranças do PSDB, governadores incluídos, Beto Richa foi voz isolada entre os titulares de governo: pediu o imediato desembarque do governo Temer. Claro que Beto tem faro político, sabe ler signos e entende a direção dos ventos. Mas ele é Beto, sempre será uma criação de Gepeto, o marceneiro. O que aconteceu? Simples, como na historinha, o guarda-chuva do grilo às vezes rossoneia.

Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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