“TÔ NEM AÍ”, disse o magistrado de Mato Grosso sobre os R$ 500 mil que recebeu no mês de julho. Estava em paz, pois o Conselho Nacional da Magistratura havia aprovado os benefícios que levaram ao pagamento – a ele e a outros magistrados do Estado. O magistrado fez o que podia fazer, dentro da lei, como ela é concebida pelos magistrados, em alguns casos até criada pelos magistrados.

O problema com o juiz não é o ganho que escarnece das desgraças do povo brasileiro. Porque não é só o magistrado que tem ganhos ofensivos às desgraças do povo. Como ele estão vereadores, deputados e senadores, funcionários do poder legislativo e dos tribunais de contas. Ofensa ao povo como a corporações como as polícias e os militares, que vivem à míngua, embora cumpram funções tão importantes quanto a magistratura.

O problema do juiz está no cinismo do “tô nem aí”, palavras que nos fazem avançar sobre o ethos, dele e tendencialmente da classe. O juiz está na melhor companhia, de seus colegas, e sob a proteção corporativa do judiciário. Nosso juiz foi formado e forjado sob a condição favorecida de magistrado, a salarial em especial. Choca o que está por trás do “nem aí”. Se o juiz de Mato Grosso assim julga a si mesmo, o “nem aí” diz muito sobre como julga as causas sob sua jurisdição. Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Pensando bem... e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Os comentários estão encerrados.