Pequeno dicionário das propostas eleitorais

1.Proposta fantasia: aquela que faz referência a uma grande mudança, impossível de ser realizada pela falta de recursos públicos ou pelo tempo do mandato;

2.Proposta historinha: conta uma história da infância do candidato ou da sua vida pessoal para mostrar que ele superou muitas dificuldades e irá transformar a cidade, utiliza o mito do herói para contar uma historinha eleitoral;

3.Proposta sentimento: personifica a cidade e a associa a sentimentos: Curitiba feliz, coração curitibano, São Paulo de amor; Manaus de alegria e outras;

4.Proposta moralidade ou anticorrupção: muito em voga no Brasil, todos são corruptos, inclusive os políticos, e ninguém presta, somente o candidato fará a limpeza moral e ética que a política precisa, normalmente associada e discursos de vazios e genéricos, utilizado pelos políticos do Centrão no Brasil, dentre outros personagens carimbados;

5.Impossíveis e atraentes: fala em grandes obras ou convênios com o governo federal ou recursos externos que são impossíveis de ocorrer;

6.Contraditórias: apesar dos candidatos serem financiados pelo caixa dois por grupos econômicos tradicionais, os seus discursos são contra esses grupos, exemplos: baixar os pedágios, reduzir juros, rever a tarifa do transporte coletivo, não renovação de concessões;

7.Óbvias ou legais: propostas que apenas dizem o que as leis já preveem, o município atenderá os carentes, as UPAS vão funcionar, não haverá fila por vagas nas creches, a fila da habitação popular vai acabar e outras;

8.Retóricas ou vazias: o político fala bonito, gesticula, mas no final o discurso não tem pé nem cabeça, não sobra nada de concreto, tudo é dito no futuro ou no gerundismo, faremos ou estamos fazendo;

9.Propostas de ódio: renascidas na política brasileira, atacam grupos ou minorias, de preconceitos, de intolerância religiosa, sexistas, misóginos, homofóbicos, nazistas, racistas, ideológicos e outros;

10.Ausência de propostas: os políticos somente pedem o voto, pela simpatia, pela beleza, pelo carisma, pelo laço de parentesco com algum oligarca e sorriem, mas não apresentam nada de concreto ou projeto de atuação ou de gestão;

11.Propostas repeteco; apresentam suas gestões como se fossem maravilhosas, sem é claro, demonstrar o endividamento orçamentário do ente envolvido, União, Estados ou Municípios, mas evocam um passado de realizações, que nunca existiu, mas que foram trabalhadas pela propaganda oficial remunerada nos quatro anos de mandato;

12.Propostas sabão ou vaselina: são genéricas a ponto de não terem contato com a realidade, maior segurança para a cidade, educação de qualidade, saúde em primeiro lugar;

13.Propostas fumaça: depois de serem veiculadas na propaganda eleitoral somem da agenda política dos eleitos;

14.Propostas ataque: atacam os adversários com fatos pessoais e se apresentam como a solução para a política, como se fossem vestais da moralidade;

15.Proposta Napoleão de Hospício; são completamente sem racionalidade, malucas e temerárias, são muito populares nos setores ignorantes e sem ilustração da população, recorrentes na atual política, são conjugadas com o saudosismo a regimes ditatoriais.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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