Prefeituras e vereanças

Prefeituras e vereanças

As eleições municipais brasileiras, por sua abrangência miliardária – este ano foram 128 milhões de eleitores a renovar prefeituras e vereanças de quase 6 mil cidades -, elenca igualmente um sem-número de curiosidades. Do menor município à inenarrável metrópole. E a este vosso escriba, que já foi candidato, ou “anti”, e hoje é simples eleitor, muito coisa chamou atenção.

Evidente, saltam aos olhos os eventos mais folclóricos, num País onde o samba-exaltação fala em mulato inzoneiro e o requebrado da morena sestrosa, ai, é pura sensuação… Ah, sensuação os dicionários não registram? Bom tempo também não registraram “inzoneiro” que hoje é sinônimo de “manhoso” e tem sua etimologia nas invencionices do genial Ari Barroso. Por conta, claro, da Aquarela do Brasil. Pois com ou sem sensuação, a verdade é que 67 mil candidatos participaram das eleições do último domingo. Do Zé Ximango, que acabou derrotado nas urnas, postulante a um cargo de vereador no interior de Rondônia, e que pedia voto, pelas Farcs, sempre bêbado, armado de espingarda, ao (doce) travesti de Esmeraldas, na Grande BH, que se inscreveu com o nome de guerra Cicciolina.

Ainda que guerra fosse com o Ximango e os seios de fora da Cicciolina mineira, por siliconosos (ou seria silicônicos?) demais, não convenceram igualmente o eleitorado. Mas muito transexual foi eleito ou reeleito Brasil a fora. O que outra vez reafirma a generosa democracia brasileira. Pode nos faltar tudo – arroz,

feijão e pão – mas que não nos falte democracia. Nós que fomos mordidos de cobra, e cobra fardada, na sanguinária ditadura de ainda recente memória, sabemos o que seja ter receio de minhoca.

Êpa, Minhoca é o nome de um vereador do Tocantins. Creiam, João Minhoca. Muita gente andou perguntando de onde teria brotado o Minhoca do Minhoca. Não, não pensemos bobagem, leitor, que um só Ximango já basta entre 52 mil candidatos à vereança. A coisa é bem mais simples – o Minhoca é Minhoca porque basta ver a cara dele, gente. Devia era se chamar Lacraia. É a cara da Lacraia, o Minhoca.

Virgem Maria!

Agora, como bom paranaense não posso deixar de registrar que o prefeito mais velho do Brasil é de Uraí, no norte do Estado: Susumo Itimura, 90 anos!

É mole? Além de mole, uma beleza, vocês não acham? Mas como sou filho de Jaguapitã, fica feio não declinar que lá venceu, para a prefeitura, o Luiz Trapp, e a vereança, de 9 membros (ôpa!) ficou assim: Moska, Zé Ferreira, Luís Augusto, Julio César, Vidal, Abel, Tânia Marioto, o Golfeto e , claro, a Eliana do Posto. Eleições gerais só daqui a 2 anos. Mas até lá o Ximango já morreu de overdose.

12|10|2008)

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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