Apreensão para Bolsonaro

Piora a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro após a prisão do seu ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. As revelações do que Silvinei fez no dia da eleição de 2022 apontam para o uso do governo para prejudicar o então candidato Lula e ajudar Bolsonaro. Também investigado, em algum momento Bolsonaro terá de responder por isso.

Silvinei foi preso nesta quarta pela Polícia Federal, por ordem do Supremo Tribunal Federal. Há inúmeras provas de que ele comandou uma operação de bloqueios em estradas próximas a cidades do Nordeste para prejudicar o candidato Lula no segundo turno. Os dados mostram que os bloqueios foram feitos em locais onde a votação de Lula ficou acima de 75% dos votos no primeiro turno.

Silvinei contou com a ajuda do então ministro da Justiça, Anderson Torres. Sob as ordens de Torres, assessores do Ministério da Justiça fizeram levantamento das cidades. Silvinei usou os dados para planejar as operações da PRF, que causaram grandes transtornos a eleitores.

Se confrontado, Bolsonaro poderá repetir a postura de dizer que não sabia de nada, que a responsabilidade é dos dois, como faz com frequência. A questão é que a cada dia fica mais claro que seu governo trabalhava contra a democracia – fosse para tentar dificultar que eleitores conseguissem chegar às urnas para votar em Lula, fosse para dar “base jurídica” a um golpe de Estado.

Como chefe daquele governo, Bolsonaro terá de responder por isso. Inelegível, Bolsonaro considera que não será preso – e hoje não há indícios disso. Mas, à medida que a história do seu último ano de governo vai sendo reconstituída, o risco judicial aumenta.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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