Relembre o caso Mônica Veloso, jornalista que foi pivô de escândalo envolvendo Renan Calheiros

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© J.R. Duran

Senador do PMDB teria recebido recursos do lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior, para pagar pensão a filha que teve fora do casamento.

Diretamente relacionada ao processo que será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, quando a Corte decide se tornará réu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a jornalista Mônica Veloso ficou nacionalmente conhecida pelo envolvimento com o político alagoano e pela presença em capa da revista Playboy em outubro de 2007. Ela teria mantido um affair com o peemedebista.

De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), formalizada em 2013, Renan teria recebido recursos do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, para pagar a pensão a uma filha que teve fora do casamento com a jornalista. Em troca, o senador apresentava emendas que beneficiariam a construtora.

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O caso entre Renan e Mônica foi revelado pela Revista Veja em maio de 2007. A capa da publicação mostrava fotos do então proprietário da empreiteira baiana Gautama, Zuleido Veras, o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e Renan. Ainda em maio, o empresário e Rondeau haviam sido alvo da Operação Navalha, que investigava o pagamento de propina para a liberação de obras do governo federal.

“O fio das operações anticorrupção já cortou Zuleido e Rondeau e agora chega perto do pescoço de Renan Calheiros, presidente do Senado”, dizia a capa de Veja, em referências às suspeitas de relação entre o peemedebista e o empreiteiro da Gautama, negadas pelo político.

Após a publicação da matéria relevando a relação com a jornalista, Renan defendeu-se das acusações no plenário do Senado, apresentando documentos que, de acordo com ele, comprovavam que as suspeitas não eram verdadeiras. Renan apresentou ao Conselho de Ética do Senado recibos de venda de gados em Alagoas para comprovar um ganho de R$ 1,9 milhão, mas os documentos são considerados notas frias pelos investigadores.

Em meio ao crescente escândalo, a cassação de Renan foi rejeitada no plenário do Senado, em setembro de 2007, por 40 votos a favor, 35 contra e seis abstenções. Para aprovar a perda de mandato, eram necessários pelo menos 41 votos dos senadores.

Em 4 de dezembro de 2007, Renan renunciou à Presidência do Senado como manobra para manter o mandato parlamentar. Ele já estava afastado do cargo desde 11 de outubro. Em nova votação no plenário, os senadores confirmaram a rejeição à cassação do peemedebista, com 48 votos contra e 29 a favor da absolvição, além de três abstenções.

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Mônica Veloso – © Paulo Liebert|AE

Relação de Renan com Mônica Veloso

Aproveitando a publicidade provocada pelo envolvimento com o senador, Mônica Veloso posou para a edição de outubro de 2007 da Playboy. No mês seguinte, a jornalista lançou o livro O poder que seduz, contando bastidores de Brasília. A publicação foi dividida em sete capítulos, abordando desde a chegada de Mônica à capital federal até as conversas com políticos em corredores do Congresso. 

Em discursos direcionados aos congressistas e à imprensa, Renan Calheiros negou ter mantido relação com Mônica Veloso.  A jornalista, ao contrário, afirmou que esteve com o político e disse que o caso não era escondido.

Julgamento 

A denúncia contra Renan foi liberada para julgamento pelo ministro do STF Edson Fachin somente em outubro deste ano. A investigação tramitava na Corte desde 2007.

Em novembro de 2016, Renan divulgou nota à imprensa informando que não é réu em nenhum processo no STF. O esclarecimento foi dado em razão do julgamento do Supremo sobre a possibilidade de parlamentares que são réus poderem ou não assumir as presidências da Câmara e do Senado e, portanto, fazerem parte da linha sucessória da Presidência da República. Mesmo com o adiamento oficial da decisão da Corte após um pedido de vista do ministro Dias Toffoli, a maioria dos ministros votou favoravelmente ao veto. Zero Hora

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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