A lei é aquilo que César quer –Cristo nosso senhor por favor fale comigo, nem que seja em sonho, ainda que seja no pé de butiá da Ponta Grossa de nossa infância, de Joice e minha. Dê-nos compreensão para as promessas de retorno às trevas, à retórica de ditadura caribenha dos anos 1950, ao resgate da Guerra Fria.

Na semana Jair Bolsonaro falou com políticos do DEM, o presidente ACMJr incluso. Falou barbaridades para a platéia silenciosa, impassível, oferecida para apoio parlamentar ao futuro governo e no farrear das verbas e nomeações. Políticos temperados, cegos pela cupidez.

As barbaridades ditas pelo presidente mostram a ignorância cuja extensão não aquilatamos nos seus quarenta anos de mandato. Antes, a ressalva: o presidente não tem meias palavras, pois não as conhece por inteiro (o “isso tudo daí” é prova robusta, na reserva mental do ex-juiz Sérgio Moro).

O futuro presidente começou dizendo que não vai demarcar terras de quilombolas e de índios. Isso prejudica o agronegócio – o senador Ronaldo Caiado, da UDR, babava de prazer. Os direitos trabalhistas precisam certa informalidade, são muito rígidos. Tem que haver tolerância na fiscalização.

Mais: a ignorância crassa sobre o ministério público do Trabalho, ramo do ministério público. Para Bolsonaro, os procuradores agem cada um por si. Precisam de hierarquia e da disciplina militares. Quer acabar com “isso tudo aí”. Ele não aceita a independência funcional do MP.

O presidente revelou indignação com a multa aplicada ao dono das Lojas Havan, por exigir que seus funcionários votassem no candidato Bolsonaro. A fiscalização, para o presidente, tem que “ser amiga”. É o presidente da República a incitar a desobediência civil e o descumprimento das leis.

Além do fiasco anunciado e da vergonha que causa ao Brasil – que merece, pois elegeu corruptos que levaram à eleição plebiscitária de Bolsonaro – o presidente eleito, mesmo antes de assumir, iniciou a campanha de reeleição maciça e avassaladora do PT nas próximas eleições. 

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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