Você ganhou o Prêmio Goncourt (França)

Certamente você já ouviu falar do prêmio acima. É distribuído a escritores, na França. Mas, de onde surgiu, sabe? Os irmãos Goncourt têm uma longa história. Os dois, Edmond e Jules (1830 – 1868), segundo a biografia, decidiram, numa certa época da vida, que seriam ‘um’ e passaram a se chamar Irmãos Goncourt. E que seriam lembrados pra sempre como ‘literatos’. No fim da vida, Edmond (1822 – 1897) deixou tudo o que tinha para uma fundação que se destinava a premiar livros pelos tempos afora. E conseguiu. Nasceu o Prêmio Goncourt. Veja uma passagem que tirei de um ensaio do W. S. Maugham.

“(…) Em 1851 escreveram (os irmãos) primeiro romance. Chamava-se Em 18..., e o publicaram a suas expensas. Foram impressos mil exemplares e vendidos 60. André Billy qualifica-o de artificial, obscuro, pretensioso e incoerente. Parece ter-lhes ocorrido, então, que podiam escrever um livro meio histórico, meio frívolo, acerca do século XVIII. Eram laboriosos e, por volta de 1854, haviam terminado uma obra de quase quinhentas páginas, à qual deram o título de História da Sociedade Francesa Durante a Revolução. Imprimiram-na ainda a própria custa. Era costume daquele tempo que os autores se empenhassem pela publicação de comentários sobre seus livros e, assim, os dois irmãos visitavam os críticos ou deixavam seus cartões nas casas deles, remetendo-lhes o livro. O resultado não foi satisfatório e imediatamente se puseram a trabalhar noutra obra, de quatrocentas e cinquenta páginas, sobre a sociedade francesa no Diretório. Os críticos não tomaram conhecimento dela. Inabaláveis, contudo, compuseram em 1856 uma obra em dois volumes intitulada Retratos Íntimos do Século XVIII. Venderam-na a um editor por trezentos francos. (…) Em 1858 escreveram uma biografia de Maria Antonieta e, pela primeira vez, alcançaram algo parecido com sucesso. (…)”

Com todo o empenho dos irmãos, nasceu o Prêmio Goncourt. O que acho interessante é que Somerset Maugham não viveu pra ver que hoje é igualzinho: os pobres autores pagam pra publicar e correm atrás de jornais para conseguir comentários. E ainda levam pau da crítica pela ousadia de publicar. Coisa triste, né?

*Rui Werneck de Capistrano não está nem aí.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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