Bela viola, língua de fora

Como não é do conhecimento de alguns, sou fissurado em palavras. Li, numa dessas revistas dirigidas, um artigo rápido de um cara chamado Luiz Costa Pereira Junior sobre o peso das palavras usadas pelas empresas.

Em resumo, a gente escreve ou fala coisas que não sabe o que realmente significam. Sendo eu publicitário, me babo com a linguagem atual das empresas. Elas querem impor algumas palavras idiotas como ‘gestão’ pra tudo. Até já falei sobre um cartaz grande onde o título era, mais ou menos, assim: Tudo fica melhor com gestão da saúde pela (empresa X). O diabo do redator não atinou pro grave ‘com gestão’. Congestão da saúde? Ótimo! O autor do artigo — Luiz Costa — revela o passado de algumas palavras e é muito interessante. Veja: ‘Líder’ vem do inglês leader, por causa do chumbo (lead) usado nas balas de armas de fogo. ‘Empresa’ vem do latim prehensa, ‘agarrar com força’. Virou também prender e empreender. O ‘trabalho’, até o século VI, significava ‘tortura’ (tripaliare). O mais legal é que ‘negócio’ vem de negotium, que é a negação do otium (ócio). ‘Banco’ vem de banca, mesa dos agiotas medievais nos mercados italianos. Se a banca falia, vinha a banca rupta (latim), banca rotta (italiano), bancarrota (português), bankrupt (falido em inglês).

Ah, isso me refresca a alma! Vou perguntar pro Luiz se o livro dele Com a língua de fora é sobre isso. Um manjar dos deuses, se for.    

*Rui Werneck de Capistrani não tem palavras exprimir sua admiração pelas palavras

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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