Procissão Parada

me perdi na Patagônia
segundo medida provisória
devia abordar a Terra do Fogo
na primeira hora auroreal
enviei mais tropas de choque
para angariar fundos de
emancipação sociopolítica
residencial e imaginária

o dia assoberbado de horas
no enlevo feliz de anoitecer
cravou o chão de desertos
cactuados e mesmesquinhos

por um silvestre não cantei
plenipleno potencial tinha
mas o céu bombardeou de sombras
as margens alongadas da beleza

me perdi na Patagônia
sob um silêncio cheio de hastes
na mais límpida ironia de ser
ondulando horizontes de não chegar

longilongínquo espírito de combate
arrefecido de anseios e meneios
jazi na saliva simples da noite
e compartilhei do rastro das estrelas

me perdi na patagônica vida
que é toda lugares ermos enfermos
e saltei pra cumprir o eclipse
que se tornou branco cego de luz

*Rui Werneck de Capistrano é plenipotenciário altiplano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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