Descobertas e invenções maravilhosas que nunca vingaram

Edmund Pander esteve a milímetros de descobrir uma nova bactéria, mas não o fez. Em 1958, Pander entrou na sala de um castelo abandonado da Itália onde se realizava gigantesca procriação de uma nova bactéria maligna. Ele não tinha nenhum microscópio à mão e, pior, nem o menor conhecimento científico. Era apenas andarilho, dormiu ali e partiu cedo.

Em 1930, Oliver Carpentier estava tentando juntar relógio de ponto com um dos concertos para piano de Beethoven, quando sua mulher entrou em trabalho de parto. Ele largou tudo e chamou a parteira. Nasceram trigêmeos que nunca mais deram sossego para ele voltar à invenção.

Em 1030, numa praia do Brasil (que nem tinha esse nome ainda), um índio olhava para o horizonte e imaginava que devia haver terras lá longe. Impossível, naquele mar todo, serem eles os únicos habitantes. Durante seis meses, fez uma canoa. Conseguiu patrocínio do cacique e, depois de despedir-se da tribo, partiu. Não navegou nem quinhentos metros, naufragou e morreu.

Johannes Burg, intrépido alemão, muniu-se da maior paciência e da mais ferrenha perseverança e dispôs-se a inventar o moto-perpétuo. Depois de trinta anos de trabalho profícuo, quando achou que faltava apenas uma peça que encontraria a trinta milhas de sua casa, morreu.

William W. Wallet queria inventar o Boletim do Conselho Mundial, em 1877, porém nunca encontrou nenhuma perspectiva de aplicação para ele. Morreu pobre e esquecido na ilha de Páscoa.

Mesmo sendo chamado de louco por meia cidade, Douglas Teddy cismou que seria possível a geração espontânea. Anunciou que às duas horas do dia 24 de março de 1637, em plena Praça da Matriz, apareceria um sapo-cururu. No dia e hora marcados, com centenas de olhos fixos no ponto exato, apareceu realmente um batráquio. Mas não era da espécie anunciada. Na verdade, era uma rã-pimenta. Teddy foi desacreditado para sempre. E teve seu nome excluído do clube dos jogadores de truco.

Sam Barrell vivia com esta pergunta na cabeça: Por que não inventam um jeito de se viver para sempre? Por dia, ele a repetia mais de mil vezes. Às vezes, num lapso de tempo, pensava que podia ser o grande inventor da vida para sempre. Via-se cercado de pessoas que batiam nas suas costas, ofereciam muitos presentes, discursavam em seu louvor, erguiam brindes e bustos seus nas praças. Mas logo voltava à pergunta. Isso o levou à loucura em 1970, na cidade do Cairo.

J. P. Gudruph acreditava ter encontrado a fórmula para acertar nas corridas de cavalos e ter sucesso na conquista das mulheres. Havia chegado à fórmula depois de seis anos de pesquisas, mas, ao fim deles, as corridas foram banidas da sua terra e ele mesmo descobriu que não gostava tanto assim de mulher.

T. Weiss colocou na cabeça que a melhor forma de vida seria descobrir a maneira de não se preocupar jamais com o sucesso alheio. Conquistas, mídia, fama, spotlights, ovações, televisões, louvores… Tudo isso não teria mais lugar no seu dicionário. Jurou que queria morrer “seco e arreganhado” se voltasse a invejar os outros. Sua fórmula fez tanto sucesso que ele ficou conhecido do dia para a noite. Era assediado onde quer que fosse. Foi aí que se olhou no espelho e disse: Você é o máximo! Morreu seco e arreganhado.

* Rui Werneck de Capistrano é artista prático e jogador de sinuca

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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