Burgundi – O Paraíso aqui ou nunca

O serviço de saúde já matou mais de um milhão de pessoas, os correios nunca entregam nenhuma carta, os lixeiros estão todos aposentados, porém os diplomatas de outros países elogiam sempre o tratamento dispensado aos visitantes e às baratas — empalação e chineladas.

Burgundi está localizado na Ásia e já tentou pedir asilo político nos Estados Unidos. A entrada foi barrada apenas porque ele vestia uma camisa de time de peteca. Pelos demais pré-requisitos, Burgundi recebeu tapinhas nas costas, socos no rosto e chutes na bunda. Burgundi tem na classe média sua principal fonte de riqueza e de miséria. Sendo que a miséria ganha por apenas 99,9%. Os burgundienses não aceitam cheques de terceiros ou de empresas e fazem todas as necessidades nos lugares mais próprios: nas ruas.

Burgundi obteve sua maior conquista ao passar pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Para as disputas finais foi sorteado na chave em que estão Porombo, Titapoconia e Marunha. Tem alguma chance se jogar o artilheiro Fecondo Aliar e a peste generalizada for contida a tempo. O presidente eleito de Burgundi prometeu salva de palmas se a seleção conseguir, ao menos, embarcar na carroça rumo à África do Sul.

#Rui Werneck de Capistrano é autor do romancélere Nem Bobo Nem Nada e de vários outros atentados a bomba

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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