Um buraco de 1 bi e meio

Tudo que o Rio perdeu graças a Sérgio Cabral e quadrilha

No Globo de segunda-feira (3), o repórter Rafael Galdo somou os prejuízos aos cofres públicos do estado do Rio, levantados por 15 operações da Lava Jato no Rio desde 2016, e chegou à assombrosa quantia de R$ 1,5 bilhão. Este é o dinheiro que abasteceu as contas da quadrilha chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral e formada por seu ex-vice e sucessor, Luiz Fernando Pezão, secretários de governo, deputados estaduais, ministros de tribunais de contas e quem mais fosse necessário para manter o esquema funcionando com o que sobrasse da compra de casas de praia, joias, regabofes na Europa e outros artigos de primeira necessidade dessa turma. 

Segundo o Ministério Público e a Polícia e a Justiça Federais, o pagamento de propinas a Cabral e asseclas envolveu saúde, educação, segurança, obras, transportes, abastecimento e até a escolha do Rio como sede da Olimpíada. Seguem-se a isto a lavagem de dinheiro, evasão de divisas e ocultação de bens —somente Cabral teria R$ 340 milhões no exterior.

Galdo calculou o quanto esse buraco de 1 bi e meio representou em termos de construção, manutenção ou reforma de hospitais nunca executadas e consultas, partos e cirurgias que não puderam ser feitos —e isso apenas na saúde. Estenda agora o que foi desviado dos professores, policiais e servidores públicos, e terá uma ideia das causas da degradação do estado. Esse rombo remete diretamente ao dinheiro que deixou de circular nas ruas, às empresas que fecharam ou deixaram de ser abertas, aos negócios cancelados ou nunca realizados, às vagas abertas no mercado e jamais repostas. Mas o custo real da corrupção, maior que qualquer soma de dinheiro roubado, deveria ser calculado em fome, doença e morte.

Escrevi outro dia que Sérgio Cabral, condenado por enquanto a 197 anos de prisão, nunca mais poderia andar a pé por uma rua do Rio. 

Mas, claro, posso estar enganado.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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