Imagine, Trump comunista

A gravata vermelha já podia ser um sinal

Um filme de 1962, “The Manchurian Candidate” —no Brasil, intitulado em idiotês “Sob o Domínio do Mal”—, de John Frankenheimer, trata de um soldado americano capturado pelos chineses na Guerra da Coreia. Eles o submetem a uma lavagem cerebral, que o torna passível de controle por um agente externo à simples visão de uma carta de baralho, a dama de ouros.

O militar é devolvido aos EUA e envolvido numa trama cujo fim é o assassinato do candidato republicano à Presidência, em plena convenção do partido, e sua substituição pelo vice, um aparente direitista hidrófobo secretamente sob as ordens de Moscou.

Lembrei-me do filme ao ler no New York Times que o FBI está investigando o presidente Donald Trump por suspeita de colaborar com a Rússia contra os interesses do país.

A história é a de que, farejando ligações perigosas entre Trump e os russos na campanha eleitoral de 2016 —entre outras, Trump disse que a Rússia deveria hackear o email de sua rival democrata, Hillary Clinton—, o diretor do FBI, James Comey, iniciou uma investigação. Trump venceu, tomou posse e demitiu Comey. Mas o inquérito continuou, sob o comando do procurador Robert Mueller. A dúvida agora é se, ao demitir Comey, Trump não estaria praticando crime de obstrução da justiça —o que, nos EUA, leva a um processo de impeachment— ou, pior ainda, trabalhando para a Rússia, o que, no passado, rendia cadeira elétrica.

Minha teoria é a de que, numa incursão a um bordel de patas —sim, existe— em Moscou, há anos, Trump foi narcotizado e submetido a uma lavagem cerebral para adotar o discurso mais insano possível, de modo a ganhar a confiança dos eleitores desencantados com o raciocínio lógico e se eleger presidente dos EUA.

Imagine, Trump comunista! Se o FBI estiver certo, e geralmente está, vai-se descobrir que sua indefectível gravata vermelha já era um sinal.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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