Salteadores trapalhões

Michel Temer avisa que não vai cair. Vasculhem os anteriores: foi sempre assim, o aviso da não-queda é o início da sim-queda.

Temer só cai via renúncia, cansado da sangria pela falta de apoio político e popular. Impiche demora e da cassação via TSE cabe recurso. A bomba ainda estoura nas mãos da ministra Cármen Lúcia, presidente do STF. Sim, porque os da ordem de substituição a Temer até a eleição seguinte estão mais sujos que pau de galinheiro: Rodrigo Maia, o genro de Moreira Franco, presidente da câmara, e Eunício Oliveira, do senado, como o agravante do peripaque de dias atrás, irritado com denúncia até amena. A história se repete como farsa; aconteceu coisa quase igual com o presidente Café Filho. A diferença de hoje é que a presidente do STF não é nepotista como José Linhares, presidente do STF na época.

Já rolam na rede: a foto de Michel Temer com vestido ‘tomara que caia’ e o lamento de que Marcela Temer possa ser traveco. Como se diz em S. João do Triunfo, “essa gente não perdoam”.

Qual a diferença entre Hermas Camacho, o Marcola, chefe do PCC primeiro comando da capital, e Eduardo Cunha, chefe do PCC primeiro comando do Cunha? O juiz, só o juiz. No mais tudo igual. Os dois estão em prisão especial, comandam o crime de dentro da cadeia e recebem dízimo da quadrilha. Pensando bem, Marcola sai mais barato para o orçamento, pois não assalta o governo.

Temer caiu. Só a ficha que está entalada no seu gogó. O beijo da morte veio com William Bonner, do Jornal Nacional, quando o chamou de ex-presidente.

De onde os corruptos do PT, PSDB, PMDB e outros tiram dinheiro para pagar advogados? Ou os doutores trabalham de graça, o que é de duvidar, ou sobrou grana depois das delações premiadas, algo escondido num colchão do Caribe, ou tem gente que entrega embutido honesto – diferente dessa gente da Friboi, que contou que Aécio Neves pediu R$ 2 m para pagar advogados.

Eduardo Cunha estava muito quieto, perigosamente quieto, sem delação e sem a autobiografia. Por que tanta demora para mandar a fatura para Michel Temer? Tempo gasto para fechar o cálculo. Agora se entende o atraso e a semanada de R$ 500 mil por vinte anos.

A República de Curitiba já tem seu cônsul em Brasília. Chama-se Edson Fachin, instalado no STF. Leva vantagem sobre o presidente da República daqui: não fica passeando pelo mundo a trocar sorrisos e risadinhas com Michel Temer e Aécio Neves. Será que o presidente Moro vai aprender alguma coisa com o exemplo de Fachin? Difícil.

Renan Calheiros, o nosso Frank Underwood, está rindo, feliz da vida. Os amadores caíram de maduros e ele ganha sobrevida, nem precisa mais criar dificuldades para vender as facilidades. O estrondo do último escândalo criou uma densa cortina de fumaça sobre ele.

Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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