Segurança Mundial

Vitória de valor discutível para a presidência Temer: a liminar contra órgãos da imprensa que noticiam o conteúdo de hacking ao telefone celular de Marcela Temer, a primeira dama. Folha, Estado de S. Paulo e respectivos sites estão sujeitos a multa de R$ 500 mil por inserção de notícias relacionadas, além de obrigados a apagar as já divulgadas na rede. Detalhe: o processo foi patrocinado pelo  subchefe da Casa Civil para Assuntos Jurídicos, funcionando como advogado.

O foco é intimidade: o telefone da primeira dama conteria nudes, essa exacerbação do narcisismo dos selfies. Dela  para o marido, distantes entre São Paulo e Brasília. Imprudente gesto de paixão, impulsivo e impaciente como só o amor pode ser. Houve ainda comunicação entre o hacker e a primeira: ele teria extraído mensagens entre o marido marido lançariam “na lama o nome” do presidente. Não sei se um dia o pálio da Justiça irá nos desvendar, não os nudes, mas as conversas.

Direito de proteger a intimidade a primeira dama e seu marido têm, como qualquer particular. Mais ainda quando o hacker tenta extorquir dinheiro ou vender o conteúdo para a imprensa, como ameaçou. Não é isso que chama a atenção ou chamará a atenção dos brasileiros, embotados para a percepção do limite entre público e privado. Interessa a presença do subchefe da Casa Civil de advogado. Lembram do advogado geral da União sendo advogado de Dilma no impeachment?

No caso Dilma   o advogado geral na defesa da presidente, o chefe da defesa do Estado na defesa privada do chefe eleito. Nossas instituições são de uma complacência chocante. A própria OAB e sua lei não vedam o trânsito do alto servidor público para a advocacia privada – pago com o dinheiro público e com a vantagem diferencial de trabalhar com a força do Estado. Dilma e Marcela com ministros-advogados. Legal. Ético? Não, queiram as leis, os tribunais e a OAB.

Temos que entender. Depois de Lula e Rosemary no mesmo hotel, andares separados, proteger com censura a intimidade do primeiro casal poupa o mundo da III Guerra Mundial, dado o peso do Brasil. Nos EUA não tem disso: circulam pela internet fotos de Melania Trump, a primeira dama, nua. O ex-presidente Bill Clinton enfrentou CPI sobre transas com estagiária, em plena Casa Branca. Chegou-se a divulgar sua preferência sexual e a expor seu fluido vital, mantido como troféu em vestido da moça.

Na França, o presidente François Hollande foi fotografado na garupa de lambreta, chegando de madrugada no apartamento de namoradinha secreta, linda atriz de cinema. E o príncipe Charles, então, herdeiro do império britânico, grampeado – e divulgado na imprensa – quando dizia para Camila Bowles, hoje sua mulher, que a amava tanto que gostaria de ser seu absorvente. Os espanhóis não estranharam ao saber que o rei Juan Carlos, levava a namorada em safaris. E a rainha? Sofia.

Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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