Sem perdão, Bolsonaro!

Dormi a noite passada com a frase de Enio Mainardi encalacrada na cabeça e confesso que se não fossem os horrores que ela suscita, teria dado boas risadas: “Tem dias que ele, Bolsonaro, deveria trancar a boca com cadeado” – escreveu Enio mencionando a declaração do presidente“… de que poderíamos perdoar o Holocausto, mas não esquecê-lo“….

Gosto e apoio o novo governo e acho mesmo que ele superou todas as minhas expectativas em menos de quatro meses…mas confesso que fico muito constrangido toda vez que o presidente tenta saltar por sobre atrocidades, reduzindo a importância delas…

É minha opinião, mas digo que atrocidade não se perdoa e nem se pode usar qualquer pretexto para justificá-la…toda vez que isso é feito, quebra-se um dos elos do processo civilizatório e a humanidade caminha para trás: é como se disséssemos aos tiranos de todas as épocas – vão em frente, matem, censurem, torturem, estuprem que um dia vocês serão perdoados….

O Holocausto foi feito de pura atrocidade; o governo de Josef Stalin foi feito de muita atrocidade; o regime de Augusto Pinochet foi feito de muita atrocidade…O regime de Nicolás Maduro também é feito de atrocidades…

Houve muitas atrocidades também no regime militar brasileiro e a pergunta que cabe aqui é: qual foi a contribuição efetiva, na repressão à esquerda, da tortura, da censura e das chácaras de extermínio de Atibaia? Eu mesmo respondo: nenhuma!

Doses massivas de inteligência teriam produzido os mesmos resultados e as Forças Armadas não teriam de carregar esses estigmas…

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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