Padrelladas

Sou do tempo do colchete, da meia cerzida e da Cafiaspirina. Tempo do Cigarro Beverly, do Sabonete Eucalol e do Gibi Mensal.

Meu pai tinha um “negócio” de secos, molhados e miudezas. Tudo era embrulhado em papel. A cerveja, o sabão em barra, os enlatados, tudo chegava acondicionado em caixas de madeira. Os jornais – O Globo, O Correio da Manhã, O Radical eram volumosos e não raro traziam fascículos com histórias em quadrinhos. E as casas e os móveis e os tamancos, tudo era feito com madeira. E haja árvore para ser derrubada! Naquele tempo os Klabin ainda não tinham inventado reflorestamento. Então, inventaram o plástico e todos os problemas acabaram.

***

Naqueles tempos, na modorrenta Palmeira, todo mundo (todo mundo é modo de dizer) criava seus porcos em chiqueiros.

Isso não impedia que fossem abatidos alhures aves e mamíferos. O caçador voltava com um tateto (porco do mato) e dizia que tinha matado um cateto. Dona Lindamir, nossa professora de Matemática perguntava se não tinha também encontrado uma hipotenusa para ser adicionada à soma dos catetos. Ninguém entendia por que ela dizia isso.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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