a mentira é a melhor amiga das artes
nela, gelatinosa, as glosas seculares
minúcias de paisagens inexistentes
um coração onde cabe um milhão diferentes
dondoca de agora, amanhã de coturno
segue sempre os passos de um antigo perjuro
a arte imita a arte que imita tudo
e é profunda, é verdade, bem no fundo
mas somos piores que os pintores de florença
ridículos comparados aos poetas de provença
michelângelo cagaria em cima de nossas estátuas
bethoven se limparia com as nossas pautas
que é a nossa dança diante de um delírio índio?
que é um soco nosso perto de um clay vindo?
por que, se finda é a arte, continuar mentindo?
repetir o que se repetiu de novo se repetindo?

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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