Uma fraude chamada PT

Dirceu Pio

“Eu me apaixonei pelo que inventei de você”… É o que diz a música da Rainha da Sofrência, a goianense de apenas 22 anos, Marília Mendonça… ela mesma não deve saber que definiu com uma frase um dos fenômenos mais instigantes da política  brasileira – essa paixão doentia que uma cada vez menor legião de pessoas dedica ao PT e ao seu líder supremo, o presidiário Luiz Inácio da Silva…

Todas negam as evidências e se deixam apaixonar pelo que elas mesmas inventam a respeito dessas duas entidades malévolas. Não restou mais nenhuma gota de inocência nessa paixão, feita hoje de muito fisiologismo, má fé e mistificação.

Na verdade, essa década e meia (de 2002 a 2016) que a quadrilha se manteve no topo do poder no Brasil será lembrada pela história como a “Era das Fraudes”, um período quase medieval em que toda a realidade foi escamoteada, torcida, invertida…Quando os problemas se acumularam de tal modo que não era possível mais escondê-los, uma presidente foi deposta e a realidade, soberana, emergiu…

Então, todos puderam enxergar que o Partido dos Trabalhadores não passava de um antro de ladrões, capitaneado por um falso líder sindical…Até as manobras escusas do Poderoso Chefão enquanto líder sindical emergiram em delações de empresários à Lava Jato: o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo cortava dos dois lados, ou seja, fingia que defendia a sua classe mas na surdina negociava vantagens pessoais, propinas e pixulecos com os patrões…

FRAUDE ABRIU A ERA PT

Não esqueçamos que ambos assumiram o poder, em 2003, negando tudo aquilo que o partido pregava em sua Carta de Princípios (leia aqui: http://www.pt.org.br/carta-de- principios-do-partido-dos- trabalhadores/), redigida no nascedouro, em 1979.

Embora a bandeira partidária continue vermelha, suas lideranças mudam de cor ao sabor das circunstâncias.  Estas indicavam, aliás, que o partido dificilmente chegaria ao poder em 2002 caso não “amainasse” seus “princípios” esquerdizantes e explosivos…

Não houve problema…o camaleão mudou de cor, apresentou à nação a adocicada “Carta ao povo brasileiro” e abriu alas para a entrada em cena do Lulinha Paz  e Amor, uma primeira e sintomática fraude…

TUDO FOI MUITO PREVISÍVEL

Digo sintomática porque quem se der ao trabalho de ler a Carta ao Povo Brasileiro poderia até prever o tipo de governo que surgiria sob comando de Luiz Inácio e depois sob Dilma Rousseff: nela, o PT se comprometia com um projeto inorgânico, mal desenhado, contraditório, meio sem pé nem cabeça….(leia aqui: http://www1.folha.uol.com.br/ folha/brasil/ult96u33908. shtml)…a única coisa que ficou suficientemente clara é que o novo governo iria respeitar os contratos, uma  sinalização oportunista ao mercado financeiro que até então via o PT como um partido incendiário…

Não que a Carta de Princípios contivesse coisa que preste, mas ela era orgânica e representativa do pensamento da base partidária…nas eleições de 2002, que levaram Luiz Inácio ao topo do poder, o eleitor comprou o que viu e recebeu o que não viu…

E o mais grave já estava lá bem demarcado:“A questão de fundo – diz a Carta de 2002 –  é que, para nós, o equilíbrio fiscal não é um fim, mas um meio. Queremos equilíbrio fiscal para crescer e não apenas para prestar contas aos nossos credores”.

A frase “queremos equilíbrio fiscal para crescer”  deveria ter deixado todos os brasileiros de cabelo em pé….ficava explícito o desprezo dos governos petistas  pelo controle fiscal  e a paixão pela gastança sem limite e sem sustentação….Deu no que deu….

GOVERNO CENTRAL É ESPELHO

O grande problema do sistema federativo é que o poder central tem uma imensa capacidade de irradiar comportamentos por todas as unidades.

Quando se rouba muito no topo da pirâmide, roubarão também muito nos estados e municípios; grandes desobediências ao controle fiscal no topo da pirâmide produzirão também forte indisciplina na base… E o resultado é isso que se vê: um país na antessala da falência…

O jornalista Ênio Mainardi escreveu ainda esta semana no site A Reunião: “Não há Democracia com o povo mantido na ignorância”.

Esta é uma lei que se impõe com a modernidade, mas que o PT  tentou corromper: seus líderes fingiram o tempo todo que investiam em educação,  mas também esta semana o jurista Eduardo Virmond, de Curitiba, derrubou a falácia ao  apresentar uma estatística divulgada pelo Spectators Index . Nela, o Brasil é colocado em 119º  lugar em qualidade de educação no ano 2017. Ficamos atrás da Turquia, da África  do Sul e até do Paquistão…

IDH CAMINHOU PARA TRÁS

Outra empulhação que tentam nos impor é que Lula e Dilma promoveram forte distribuição de renda. Uma análise do desempenho  do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no período iniciado em 2003 e encerrado em 2016 mostra que houve involução.

Para quem não sabe, o IDH é um índice definido pela ONU desde 1993 para medir o desenvolvimento dos povos….Baseia-se em três aferições:  as condições da saúde, medidas pela expectativa de vida, o que leva em conta o índice de mortalidade infantil; o acesso ao conhecimento, medido pelo índice de alfabetização a contar dos 15 anos e o número de matrículas escolares; e evolução de renda…

Pois bem: Luiz Inácio pegou o país de FHC em 63º lugar no ranking de IDH (0,792) e Dilma Rousseff o entregou  (2016), em 79º lugar (0.754)…

Nesse período de quase 15 anos, enquanto o Brasil caminhou perigosamente para trás, a Rússia evoluiu da 62ª posição para a 49ª posição. É difícil conter o desejo de associar essa excepcional prosperidade russa ao fim do regime comunista (1991) e  o atraso brasileiro, ao bolivarianismo dos governos Luiz Inácio/Dilma…

Agitaram o tema da reforma agrária, mas Luiz Inácio e Dilma assentaram em 14 anos quase a mesma quantidade de agricultores que FHC assentou em oito anos…E além disso, transformaram o MST num grupo armado de sustentação do poder com práticas nazi-fascistas….

Tudo agora faz sentido: para se apaixonar por coisas tão feias, só mesmo inventando muitas coisas bonitas pra por no lugar.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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