Uma noção bem periférica suspensa no centro

O buda passou distraído
Na minha calçada
Falando ao celular
Sabe-se lá com quem
É meu ponto aquele
Meditar, isolar toda imagem e fluxo de pensamento
E só
Coisa pouca
Quando chegava lá na casa de praia
Era tanto vento e sol
A gente corria de biquíni
Uma vez teve aquele golfinho morto
O mar devolveu
Um fim de tarde e a gente ficou olhando
Ali, onde aquela menina morreu afogada
No dia do aniversário
Os macacos loucos se agitando dentro da mente
Nesses galhos vários galhos
O buda, pois bem: o buda
Distraído na calçada lá de casa
Falando, falando, falando
Eu cheguei nele com tudo
Passa essa porra desse celular, seu budinha do caralho
Passa agora! Bora! Bora! Bora!
Desliga essa porra aí
Era um buda jovem
Estava lá no fundo dos olhos
Por trás daquela veste de garota distraída falando ao celular
Falando, falando, falando
Encontrei ele na calçada de casa
Aí, peguei e matei

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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