Valei-nos, Santo Expedito!

Célio Heitor Guimarães – Blog do Zé Beto

Não sei quem será o próximo presidente da República do Brasil. Acho que, por enquanto, ninguém sabe. Só, talvez, os institutos de pesquisa de intenção de voto – aqueles que, a cada eleição, erram feio e depois desfilam um monte de desculpas esfarrapadas.

Na mais recente sondagem divulgada pelo Datafolha, o morto-vivo Lula da Silva lidera com 35% a preferência popular, em todos os cenários, seguido do deputado federal Jair Bolsonaro, com 16%, e de Marina Silva, com 13%.

São apenas hipóteses para vender jornal e alimentar discussões. Luiz Inácio dificilmente participará pessoalmente do pleito de 2018. Já está condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo cometimento de crime de corrupção passiva pelo recebimento de vantagem indevida, a ser confirmado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região. Além do que, outras condenações virão inevitavelmente.

Sem o antigo “Sapo Barbudo” no páreo, assumiria a ponta o milico Bolsonaro, grande esperança da direita mais reacionária do País. E é aí que mora o perigo. Depois de duas décadas de ditadura militar, de José Sarney, de Collor de Mello, de FHC, de Lula, da mãe do PAC e de Michel Temer, Jair Bolsonaro!… Era só o que faltava! O Brasil não aguentaria. Muito menos nós.

Bolsonaro, para quem não sabe, é uma farsa. Maior do que todos os acima referidos de mãos dadas. Menos para o escritor, jornalista e filósofo Olavo de Carvalho, atualmente asilado nos Estados Unidos.

A Folha de S. Paulo abriu espaço, esta semana, para Olavo e ele não se fez de rogado. Depois de afirmar que a nova direta brasileira não passa de “um bando de picaretas”, revela o seu entusiasmo pelo candidato (ainda pré, na verdade) Jair Bolsonaro, “o único que tem carga nacionalista”. O pré-candidato, aliás, também se encontra atualmente em território de Tio Sam, onde foi exibir-se aos eleitores brasileiros que lá residem, suavizar o discurso e participar de um debate no Inter-American Institute, de Olavo, em Nova York. É possível também que colha alguma orientação de Donald Trump, a quem já confessou ter como exemplo. Não se encontrará, porém, diretamente, com Olavo de Carvalho, que permanecerá na Virgínia, em razão da missa de um mês de falecimento da mãe dele e justificou que ainda acha a mãe mais importante do que o Bolsonaro. É compreensível.

Felizmente, a Folha é um jornal plural. E na mesma edição em que retirou da tumba o septuagenário ideólogo, publicou um interessante relato do jornalista Bernardo Mello Franco, que expõe o candidato Bolsonaro sem retoques, revelando-o como deve ser revelado à ingênua massa que o tem apontado como solução para o Brasil.

Transcrevo como prazer: “Em 1999, o militar da reserva expôs suas ideias no programa ‘Câmara Aberto’, na TV Bandeirantes. Em 35 minutos, ele defendeu a tortura, pregou o fechamento do Congresso e disse que o Brasil precisava de uma guerra civil, mesmo que isso provocasse a morte de inocentes”.

Na sequência, Bolsonaro estimula os espectadores a sonegarem impostos: “Conselho meu e eu o faço. Eu sonego tudo que for possível”. Aí, destaca que a democracia é uma “porcaria” e conta o que faria se chegasse ao poder: “Daria golpe no mesmo dia”. E confessou ser favorável à tortura.

Entusiasmado com a própria performance, revelou o seu desprezo pelas eleições democráticas: “Através do voto, você não vai mudar nada neste país. Nada, absolutamente nada. Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil…”.

Duvida, leitor? Está tudo no Youtube.

E esse sujeitinho pretende ser presidente do Brasil?! E pelo menos 13% do eleitorado o aprova?! No dia de N. S. Aparecida, acuda-nos, Santo Expedito!

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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