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Com Paulo José, “Insolação” debate relação entre amor e mal-estar

Aridez e calor. O clima que dá o tom a “Insolação”, longa de Felipe Hirsch e Daniela Thomas (“Linha de Passe”, 2008), é também o responsável pela ação dos personagens. Ao longo do filme, eles perambulam em busca de um amor, sempre confusos sobre ser mesmo paixão o que sentem ou se é só a insolação que os acomete.

“Insolação” retrata diferentes histórias pessoais, como a do garoto (Antonio Medeiros) que se apaixona, pela primeira vez, por uma mulher mais velha (Leandra Leal) e considerada louca, e a da menina (Simone Spoladore) que faz sexo com diversos homens em busca de algum sentimento. O que amarra os caminhos desses personagens é um senhor que rascunha, em papéis soltos, uma peça de teatro, em que reflete sobre a vida, a morte e o envelhecimento.

Ponto alto do filme, o senhor é interpretado por Paulo José, ator que lida, há mais de dez anos anos, com o mal de Parkinson. Segundo Felipe Hirsch – um dos criadores da companhia Sutil de teatro, que estreia como cineasta–, em entrevista ao Guia da Folha Online, “Paulo é uma representação do cinema brasileiro, porque ele lutou a vida inteira. E esse personagem deixa ele livre para trazer a sua vida para dentro do filme”.

Ainda para o diretor, um dos resultados mais importantes do filme foi o reconhecimento de Paulo José. “A ideia em que eu acreditei de um cinema que pudesse ser feito no Brasil se concentra na figura do Paulo”, justifica.

Inspirado em contos russos

Escrito ao longo de cinco anos, “Insolação” foi inspirado em contos russos de autores como Turguêniev e Tchekhov. De acordo com Hirsch, a ideia era “buscar um sentimento em relação às obras russas, em que parecia que acontecia muito pouca coisa, mas, no fim, você estava tomado por uma emoção muito forte, ligada ao amor”.

Questionado a respeito do hermetismo de “Insolação”, Hirsch responde: “eu acredito que haja gente interessada em todos os tipos de obras. Em boa parte dos últimos anos, a gente [cineastas brasileiros] se dedicou a um cinema social. Acredito que ‘Insolação’ também tenha seu público”.

O diretor completa: “não vai ter um filme como este, porque as pessoas que pensam arte de outro modo estão cansadas de estrelinhas no jornal e uma frase espertinha. Elas dedicam a vida a isso”.

Financiamento público

“Insolação” não foi aprovado inicialmente em editais do governo para financiamento público. A empresa de telefonia Oi patrocinou o início das filmagens e, depois de a produção ser selecionada para o Festival de Cinema de Veneza, recebeu auxílio para a finalização.

Para Felipe, “o governo auxiliar, com renúncia fiscal, a cultura brasileira não é um presente inesperado. Isto é necessário para contar a história deste país, ou ele não vai ter cara”. Martha Lopes

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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