Zé da Silva

Colocaram a balança digital no banheiro. Não pedi. Me olho de frente no espelho para fazer a pança sumir. Odeio fotos por causa disso. Meu perfil é uma vírgula grávida. Olha a corcunda! Lon Chaney eu te amo, principalmente quando pendurado na Notre Dame. Pois eu subi na plataforma depois de vários dias temendo o resultado naqueles números. Milagre! Acho que o medo me fez fechar a boca. Aí a coisa, pra variar, virou nóia. Me ensinaram que o peso correto é o da manhã, depois que se esvazia a bexiga daquele líquido que o presidente divulgou ao ser utilizado como líquido  de ouro em cabeça alheia. Sete quilos desapareceram. Sempre confiro antes de dormir. Mas ao lembrar da imagem antiga numa praia deserta, sunguinha diminuta e pose de artista, os números caem como bigorna na alma: 35 quilos a menos. Dormi pensando nisso e acordei com a certeza de que era magro e não sabia.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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