Zé da Silva

Cinco anos depois, a terapeuta revelou a essência. Fala-se tudo, as voltas são enormes, mas sempre se chega ao ponto de partida: pai e mãe. Depois é você o pai ou a mãe – e não entende porque os filhos estão do outro lado. Olho a fotografia dos meus. Estão aqui ao lado. Me protegem. A imagem é o segredo do segredo, como bem definiu Diane Arbus, ela que só fotografava aberrações. Somos nós? Eram eles?

Como saber se moramos em selvas de pedra e constantemente bombardeados pelo napalm das notícias ininterruptas? Olha lá aquele craquelento esfaqueando a outra drogada porque ela não pagou os reais das pedras! Alguém quer ver em câmera lenta? Acendo a vela de 7 dias que ilumina Fátima, Aparecida, Espírito Santo e Xangô.

É preciso – para não enlouquecer de vez. Ao me deitar sempre coloco o pé direito em cima da canela esquerda. À mesa aliso a nuca com a mão direita. Eu sou meu pai. Minha mãe foi a que despertou a usina de pensamentos rápidos. Agradeço e afio a navalha.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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