Zé da Silva

Você me olha e não tenho mais medo. Eu me olho e fico apavorado. O que acontece quando numa rua escura dois noiados aparecem e na mão de um deles a faca enorme de lâmina escura anuncia o assalto? Fico pedra de gelo e peço calma. A aliança de ouro com diamante negro não quer sair do dedo. Quantas pedras de crack ela vale? O baixinho que comanda a ação é o que está mais nervoso. Cuspo em volta da joia. Retiro, entrego. A carteira no bolso de trás poderia ser a hora fatal para a dupla. Uma Glock poderia estar ali quietinha esperando a hora da ação. Uma passo para trás e os dois estariam queimados. Tiro e entrego a carteira.

Digo onde tem uma nota de cem mocozada. Eles acham, sinto que gostariam até de agradecer, mas devolvem os documentos e pedem para eu ir embora na boa. Estou de boa. Mas foi naquele dia. Hoje, não! Olhei o feio que mora aqui dentro e antes tomava conta de tudo. O bom é que a coisa é só entre eu e ele. Ninguém vai se aproveitar disso. O risco é grande.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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