Zé da Silva

Arembepe é tão mágica que mesmo a vizinha e horrorosa refinaria de Camaçari não lhe tira o encanto. Ao contrário – até parece bela sob o olhar de quem entra naquela vila de hippies que estão acima do tempo. Ali tomei mais um gole de cachaça e ouvi as histórias de um novo/velho baiano. Então entrei na casa e as imagens de Iemanjá num grande álbum me deixaram ainda mais inebriado. A conversa era de alguém que quis botar o pé na estrada, mas o barro da pobreza não deixou, com alguém que foi, é, e será também paisagem naquele pequeno paraíso onde o mar chega na areia e ouve-se a voz de Caymmi no céu.

Foi aí que a dona da casa me deu o buzio, assim, do nada – e disse que era para ele me acompanhar para sempre. É o que acontece. Não faz tempo, foi ontem, porque essas coisas são sempre do agora. Minha proteção está ali, numa caixinha dentro de uma gaveta. De vez em quando eu olho – e vejo tudo de novo, em Arembepe, da Bahia do encantamento que atraiu as caravelas de Cabral e do descobrimento de quem encosta a nave da própria vida.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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