Ontem, era o bar; hoje, as pocilgas eletrônicas parecem substituir, com maior ou menor eficácia, o encontro da elite artístico-intelectual daqui e d’além mar. Ontem, a boemia, quase sempre estéril; hoje, a interlocução acossada e enriquecedora dos blogs da rapaziada.

Com uma diferença, em todos os sentidos essencial: o bar, restrito a uma geografia urbana, não ia além da madrugada; nos blogs viajamos, virtuais, no espaço e no tempo. O Piauí é logo ali; Manhattan e Madri não saem mais do meu quintal.

Impensáveis há poucos anos, os blogs viraram mania universal. Perceba o gentil cavalheiro que me lê as mal passadas – eu disse “universal”… Tudo, em nossa insensata aldeola, sabemos, virou “universal”. Até as guerras, antes tão remotas, têm suas bombas e entreveros a nos acontecer na sala.

Imagina, então, a obsessão blogueira que nos anima os dias… Postam-me (este o verbo a substituir o “publicar” dos textos d’antanho…), capítulos, frases, poemas, até mesmo na Eslovênia – sempre em espanhol que, para quem não sabe, é hoje a segunda língua mais conhecida no mundo. E como escrevi um livro em portunhol, o Mar Paraguayo, méritos literários à parte, ando o mundo.

Agora somos todos internacionais. Te cuida, Mick Jagger!… O ensaio de uma recente performance minha, em São Paulo, de um blog chileno passou ao YouTube. Deste, a dezenas de blogs de todo lugar. 117 acessos no YouTube em menos de dez dias! Para este pequeno pintor, um recorde impensável.

Justiça se faça, logo, ao muito nosso Almir Feijó. Pioneiro com o site Descríticas (www.descriticas.zip.net), já pontuou um milhão de acessos, seja como “sítio”, como diz o Nêgo Pessoa, seja como blog. Não é pouca coisa.

Eu mesmo, embora colaborador fixo de um dos mais concorridos sites de nuestra América, o Trópico, do UOL (www.uol.com.br/tropico), só acredito, contudo, que “estou publicado” quando pego um jornal e nele cheiro a tinta do que escrevi. Pois até eu já possuo, alvíssaras!, um blog (www.diariovagau.blogspot.com), onde publico, vez ou outra, alguns inéditos e indico algum Caetano ou um que outro David Lynch.

Mas é, senhores, no blog do Solda (www.cartunistasolda.blogspot.com) que nos encontramos, todos os dias. Os de nossa geração e os filhos e os netos dela, e daqui a pouco os bisnetos da própria, para celebrar do nu em pêlo à crônica, do Horror Bush às fotos da hora, das figuras da city aos célebres do dia, sem falar de charges, sonetos, haicais.

E, vez em sempre, vamos a Santa Catarina, comer lagosta com o insopitável Vinicius Alves, e o seu não menos insopitável.www.lesma-lerda.blogspot.com. E ao Tadeu Barreirinha, à Estrela Leminski, ao Karl, ao Campana, ao Noblat…

Uebas! Tanto melhor: aqui, em Floripa, ou na Eslovênia, tem novo endereço o nosso bar!

Wilson Bueno [30/03/2008]O Estado do Paraná.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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