Sentiu o vento bater no rosto, e então arrepiou-se. Olhou para cima, estava a noite. Estavam a lua e os astros, o mistério. Baixou a cabeça, lá da rua mandaram-lhe mensagens o gliter, faróis, o néon – um silêncio enlouquecedor. Do apartamento ao lado, a voz mais triste, Billie Holiday, a solidão. Então lembrou-se de tudo. Da mulher-peixe que o levava para dormir no oceano ao berçário de estrelas que visitara, aturdido, galopando no dorso do unicórnio. E nada, rigorosamente nada daquilo, precisava dele nem lhe pedira para acontecer ou existir. Confirmou, aterrorizado, o que já sabia: ele não fazia a menor diferença.

E pulou.

Almir Feijó.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Sem categoria. Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

4 respostas a

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.