— Padre, vim pedir perdão.
— Confesse, meu filho, confesse.
— Meti a mão no jarro, padre. Comprei juízes. Falseei licitações. Solicitei prebendas. Minhas contas foram pagas por empreiteiras. Troquei de partido por dinheiro. Carreguei dólares e euros na cueca.
— Tá.
— Instaurei a cornucópia da luxúria e da depravação num partido puro, composto por gente caipira, ingênua, que mal sabia o que era a cobiça.
— Certo.

— Fiz a tigrada se iniciar em charutos cubanos, andar em jipes importados, voar de primeira classe, abrir contas no estrangeiro.
— Pois não.
— Promovi orgias regadas a álcool, padre. O ‘uíque’ mais furreca era Johnny Black 18. E vinhos, então. Cheval Blanc, uma vez, tomei de canudinho. E depois eu e a moça fizemos bochecho.
— OK.
— Me diga, padre: a punição, neste caso, é o inferno?
— Bem, nem tanto. Estamos no Brasil.
— Já sei: então, vão me ferrar?
— Ah, isso vão!
— E sem K.Y.?!
— Acertou. E vai começar agora. Vamos ali pros fundos, que eu te achei um gato.

Almir Feijó.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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