Foto de Lucilia Guimarães.

Eu vi primeiro
De vez em quando alguém
abria os olhos e espiava a noite
despencando sobre as
cabeças das crianças negras, sobre o telhado
dos casebres brancos.
De vez em quando alguém chorava
tanto que a noite encolhia envolta de si
mesma. E uma lesma deslizava
lisa sobre a epiderme de uma
folha crespa. A vespa verde, brilhando
as asas, varejeiras em torno das feridas,
zumbiam tanto que partiam
taças e vidros das ermidas.
Foi aí que, sem aviso prévio, ela
surgiu de um azul vestida sob o nevoeiro.
E a esperança estendeu-se no
terreiro se espalhando
sobre co corpo inteiro.
De vez em quando alguém fechava os
olhos e gritava: É Deus, eu
vi primeiro.

Reynaldo Jardim, JB [17/6/2006]

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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