de vista cegos, tampouco o lugar-comum torna
o raciocínio previsível ou o óbvio
não produz conclusões novas. A gente evita
não produz conclusões novas. A gente evita
formular a partir de fórmulas, achando que
não acharia achados. Nem sempre.
1.
Nem sempre o método afeta o feito: numa
só madrugada, Mary Shelley fez das tripas
coração, meteu os pés pelas mãos, deu passo
maior que as pernas e fritou os miolos.
O resultado foi uma obra-prima,
O resultado foi uma obra-prima,
“Frankenstein”
2.
Nem sempre uma comparação acentua
diferenças: basta pensar na precariedade
do tratamento de águas e na desqualificação
de certas vinícolas para hesitar
no uso da expressão “Como da água para
no uso da expressão “Como da água para
o vinho”.
3.
Nem sempre o que é bom para EUA é ruím
para o Brasil: lá, a autonomia pele-vermelha
administra a jogatina em
suas reservas; aqui, o tutelamento restritivo
suas reservas; aqui, o tutelamento restritivo
da Funai certamente acha que seria muito
cacife pra pouco índio.
4.
Nem sempre repressão é estagnação.
Sem as barragens das hidrelétricas,
a piracema seria mais fácil e os cardumes,
mais abundantes.
Mas aí a excitação dos peixes seria
igual à dos casais em férias conjugais nas
igual à dos casais em férias conjugais nas
fontes termais.
5.
Nem sempre língua pra fora é sinal
de genialidade: amígdalas inflamadas
má-criação infantil e rigor mortis por
enforcamento também produzem exibições
do órgão fonador, sem importância relativa
para virar pôster.
Etc.