Para falar com um PM que ocasionalmente talvez esteja, quem sabe, disposto a atender o telefone, aperte 1.

Para falar com um PM que lhe orientará para a transferência da sua ligação para um outro quartel, aperte 2.

Para falar com um PM que dirá que “no momento não temos viaturas”, aperte 3.

Para falar com um PM que anotará os dados da ocorrência e depois agirá demorada e burocraticamente para encaminhar a esperada providência, aperte 4 e espere sentado.

Para falar com um PM que fingirá que lhe ouve e prometerá auxílio mas teme as represálias em caso de atendimento em favelas e por isso não aparecerá no local, aperte 5.

Para falar com um PM que depois esquecerá de avisar a um colega ou um superior de um caso suspeito, exigindo imediata verificação, aperte 6.

Para falar com um PM que está de plantão sozinho num posto e que, apesar de consciente dos seus deveres, não tem condições de socorrer ninguém, aperte 7.

Para falar com um PM jurado de morte por traficantes, que tem sua família ameaçada, e que se desculpará porque “infelizmente, estamos indo atender outra ocorrência”, aperte 8.

Para falar com um PM que será desatencioso com o cidadão na maior parte das vezes ou até grosseiro, aperte 9.

Para falar com um PM que tem medo do posto ser alvo de tiroteio de marginais durante qualquer madrugada, aperte 10.

Para falar com um PM que, após desligar o telefone, vai se mexer só meia hora depois que terminar calmamente o seu cigarrinho, aperte 11.

Para falar com um PM disciplinado e preocupado com cada urgência que aparece, aperte 12 mas tente outra vez que o ramal está ocupado.

Para falar com um PM que faz parte daquele percentual que compromete a imagem da corporação com ineficiência e despreparo, aperte 13.

Para falar com um PM que amanhã ou depois morrerá à paisana, vítima da bandidagem, aperte 14.

Para falar com um PM de um estado que paga baixos salários e não melhora as condições do seu trabalho, aperte 15.

Para falar com um PM cansado de tantos trotes para atender às falsas emergências de uma população maluca, aperte 16.

Para falar com alguém que agirá pronta e eficazmente, ligue 911, nos EUA.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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