© Vera Solda

quando eu morrer não quero choro
nem oração
quero pacotes de hollywood
pra levar muito fumo no caixão
 
serrei até estourar a caixa torácica
o escarro e o pigarro eram a tática
pro meu pulmão não se esparramar
pelo chão
 
cigarro de xepas do cinzeiro alheio
eu fi-lo
traguei paióva, bituca e matarrato a quilo
equivalho a um quarteirão de nicotina
e alcatrão
 
já enrolei tabaco pra mais de metro
se enfisema fizesse rei, eu tinha coroa
e cetro
recordista filão, quebro a marca
do milhão
 
há tosse e sinais defumantes em
meu corpinho
alvéolos, brônquios, pleuras, não passam
de toucinho
resoluto, baforo no caixão, meu último
charuto
 

Antonio Thadeu Wojciechowski, Rodrigo Barros
Homem Del Rei,
Walmor Góes e Roberto Prado.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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