O comilão czar Torpedo
também era fino trapezista
pulava de prato em prato
jantava de cama em cama
e dizia não nunca resista
papava polenta e moçoilas
viajando vaginas e vodcas
um dia de noite na Transilvânia
traçou romana prometida e camarão
lambendo os beiços e as costas nuas
como prova de amor e de paixão
grande enciclopédia humana
dissertava bem sobre bichos nobres
como a formiga falante e andante
cunhada do rei Abdul Banana
que o pegou em deleite flagrante
da romana de perfumado púbis ao cair da noite
e hímen rompido ao romper da aurora
fugiu de Londres louco e escondido
no porão estreito e escuro do navio
monumento em alto-relevo ao mar bravio
monumentalmente chique-pós-moderno
entre chimpanzés de olhos no futuro
cheiro de tigres trancados trovejando
penosos ovíparos penados na gaiola
o santo sumo da terra virgem vertido
manchou a marcha da honra e da festa
no desembarque foi que ele embarcou
bala certeira torpedeando a testa
e foi o fim-firim-fim do czar comilão
tão triste fim o do czar Torpedo
ao bolo digestivo bruto deu vazão
borrou-se de medo e foi embora cedo
olhos cansados sobre tela
agora só enfeitando a casa dela

Rui Werneck de Capistrano é sinuquista
e… o que mesmo?

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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