O calendário nem se lembra mais quantas vezes apontou que era sábado. Ele está doido pra que o ano acabe e venham suas férias permanentes – a aposentadoria. Com só 365 dias de trabalho e aposentado. Nem é trabalho em ambiente insalubre. Nem é trabalho pesado. Nem é trabalho “cansativo” de vereador em cidade do interior. O calendário vai levando na maciota cada dia, cada hora. Só tem o trabalho de chegar no fim de cada tarde de sexta e buzinar: Amanhã é sábado! Que ele sabe que é o único dia que importa pra todo mundo. Ou, pelo menos, pra 93%. Daqui a pouco ele bate o carimbo no mês de agosto e diz: Caso encerrado!
E parte pra setembro rapidinho, sem intervalo – nem comercial nem de jogo de futebol. O ano passa igual aqui, em Bagdá ou no Haiti. Por lá, às vezes tem furacão e carros-bombas. Noutros lugares derrubam presidentes ou ganham medalhas olímpicas. Mas o ano não está nem aí. Vai despachando cada dia com a mesma batida do carimbo – Paf! Paf! Paf! E vira a página. Você pode ir ao cartório pedir certidão positiva do dia de ontem… pedir revisão das horas de anteontem… isso ou aquilo. Vem um solene Nada Consta escrito em letras mortas bem na sua testa.