Rui Werneck de Capistrano

Fotographia de Furnaius Rufus

Desde que você foi engendrado em meio a lençóis, cobertas e beijos, entrou na cadeia alimentar do mundo. E só sairá dela muito depois de entregar o corpo ao chão, como diz a canção. Muito depois porque ainda haverá restos que os vermes hão de comer. Já que tudo é alimentação, somos devoradores desde que éramos simples células. Comer, dividir, aumentar, comer, aglomerar, crescer… e assim por diante. Até devorar os nutrientes da mãe fazendo-a desejar chucrute com creme de leite ou chocolate batido com pétalas de rosa para repor as energias. O feto suga a mãe sem piedade. Aí, nasce e começa a ser depósito de todos os tipos de bactérias, vírus, fungos. Todos com apetite de elefante. E, uma vez fora, começa a devorar leite materno, papinhas, doces, carnes, vegetais. E devolve para a terra excrementos que promovem a festa dos insetos e outros seres. Vivemos num monumental banquete, presos à cadeira da cadeia alimentar. Tudo regado a vinhos finos, cerveja, chope e arrotos de bilhões de seres minúsculos, lá do submundo da biologia. Tim-tim!

John Lewis Lee, Pós-Ph.D.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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