Erika Augustinsson é vice-presidente da B-Samfundet (“Sociedade B”), um movimento que pretende abrir espaços para que as pessoas com estas características (e que talvez sejam uma minoria) possam estudar e trabalhar em horários mais adaptados ao seu ciclo de atividade. Pessoas B (como é o meu caso, aliás) são frequentemente chamadas de preguiçosas porque têm dificuldade de acordar cedo para ir à aula ou ao trabalho. (Curiosamente, quando elas estão acordadas na madruga, com todas as turbinas mentais ligadas na potência máxima, ninguém vê, porque está todo mundo dormindo.)
Diz Erika: “Nosso objetivo é acabar com as rígidas disciplinas de horário da sociedade industrial, em que todos chegam ao mesmo tempo e saem na mesma hora”. A industrialização exige a uniformização, ou seja, todo mundo chegando e saindo ao mesmo tempo, todo mundo se comportando de maneira ordenada e previsível. Exceções não são bem vindas, porque para lidar com elas é preciso criar e manter diferentes cronogramas, e isso atrapalha a Produtividade (essa deusa grega invisível, que só se deixa perceber pelas benesses que distribui aos seus sacerdotes).
O esquema vai ser inaugurado com uma escola secundária de Gotemburgo, que a partir de setembro oferecerá turnos opcionais entre as 20 e as 8:00 horas. Eu sempre fui um aluno medíocre quando estudei de manhã, e minha melhor fase estudantil foi quando passei para o turno da noite. Ainda hoje, sair da cama é como escalar um penhasco, mas depois que anoitece a única coisa que peço é que não me atrapalhem, porque preciso recuperar o tempo perdido. Assim como muita gente já conseguiu trabalhar em casa (sem perder 3 ou 4 horas no trânsito), muita gente pode vir a conseguir essa coisa tão simples: ser aproveitado durante o seu melhor momento.