Arte de Luiz Antonio Guinski, da Luizarada de Curitiba
O Solda é Luiz Antonio porque somos parentes. Não conheci o Antonio Luiz, meu avô paterno, mas ele mandou lá de Palmeira dos Índios um recado por bilhete dentro de uma garrafa – e esta foi parar em Itararé. Como fez isso, não sei, mas deve ter despachado pelo Rio São Francisco – e deu no que deu. Descobri isso nas páginas do Pasquim, no dia que vi os traços. Não sabia que rumo tomar (até hoje não sei), mas li o recado quando ainda rodava pião nos terrenos baldios da Vila Alpina, na Zelê (Zona Leste) de São Paulo. Me despacharam num malote para Curitiba anos depois e, anos depois, olha ali encostado numa parede de sala de apartamento o meu parente. Ele não falou – e não piscou. Muito menos eu. E assim foi até que aconteceu. Declarei namoro e a filha dele até hoje não sabe se me chama de padrasto ou madrasta. A Vera admite o caso. A Sonia também. Porque não se precisa discurso ou falatório para se celebrar uma amizade. Então veio a descoberta de que só não nos internamos no mesmo hospital psiquiátrico por uma questão de logística. Ele é Bacacheri, onde continua batendo uma bola firme com o saudoso Dirceuzinho e o Aladim. Eu sou atleticano de vários cantos. Ele ficou surdo antes. Consegui colocar um aparelho no escutador do lado esquerdo dele. Nessa ganho, porque tenho dos dois lados. Ganha na noiação, mas um dia chego lá. Ganha no carro. Tem uma Panorama cobiçada. Meu Santanão é uma criança perto da joia dele. Tem netos. Fico com inveja boa. Chegou aos 70 hoje (de novo na dianteira) e disse na festa surpresa preparada pelos filhos que, se fosse aos 80, teria um treco. Faz humor respirando. Mas cuspindo fogo também – quando o assunto merece. Ele é Solda!
(Blog do Zé Beto)