Camille Paglia, 60, historiadora americana e politicamente incorretíssima, se assume como ultra, big , hetero, trans, ou bissexual. Tanto faz! É também atéia, mas defende o ensino religioso, pois segundo ela, sem a religiosidade não seria possível compreender o mundo, já que a religião é um dos centros da cultura e da humanidade. Saramago, mais para correto do que para incorreto, também é ateu, mas admite que querendo ou não, se declara “culturalmente cristão”. Dois brilhantes ateus que admitem a importância da religião. Outro tema não menos controvertido, em que os intelectuais apresentam a obrigação acadêmica de ter que ser coerente com a teoria, é o caso do “preconceito”.

Coisa, que como a religião, todo mundo condena, mas não sobreviveria sem elas. Isto é, poucos sobrevivem sem preconceito e sem religião. Hannah Arendt diz que o preconceito faz parte da sociedade, mas os evolucionistas sociais do século XIX continuam fazendo onda com a História, imaginado uma “Cidade de Deus”. Tenho um amigo que sempre me diz: “sou ateu! Graças a Deus”. Já os meus amigos marxistas, têm apenas a obrigação ideológica de dizerem que são ateus. Um dia se darão conta de que a cultura e a pulsão são mais fortes que as ideologias. Uma coisa é o mundo pensado, outra coisa é o mundo vivido.

Graças a Deus, existem aqueles que conseguem deixar de racionalizar o nosso “irreflexivo cotidiano”. Porém, os acadêmicos não conseguem sequer bater um escanteio, como dizia Nelson Rodrigues. Deve ser difícil carregar o fardo ideológico da obrigação acadêmica, só para não trair a razão. Psicólogos, educadores e psiquiatras, sentem vergonha quando são surpreendidos roendo unha ou perdendo a calma. Eu compreenderia facilmente se visse um dia um marxista saindo de uma igreja, ou uma pedagoga soltando a franga. Como dizia Dominguinhos, “viver e não ter a vergonha de ser feliz”. ( A Voz do Bugio)

www.obugio.blogspot.com

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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