Coisa, que como a religião, todo mundo condena, mas não sobreviveria sem elas. Isto é, poucos sobrevivem sem preconceito e sem religião. Hannah Arendt diz que o preconceito faz parte da sociedade, mas os evolucionistas sociais do século XIX continuam fazendo onda com a História, imaginado uma “Cidade de Deus”. Tenho um amigo que sempre me diz: “sou ateu! Graças a Deus”. Já os meus amigos marxistas, têm apenas a obrigação ideológica de dizerem que são ateus. Um dia se darão conta de que a cultura e a pulsão são mais fortes que as ideologias. Uma coisa é o mundo pensado, outra coisa é o mundo vivido.
Graças a Deus, existem aqueles que conseguem deixar de racionalizar o nosso “irreflexivo cotidiano”. Porém, os acadêmicos não conseguem sequer bater um escanteio, como dizia Nelson Rodrigues. Deve ser difícil carregar o fardo ideológico da obrigação acadêmica, só para não trair a razão. Psicólogos, educadores e psiquiatras, sentem vergonha quando são surpreendidos roendo unha ou perdendo a calma. Eu compreenderia facilmente se visse um dia um marxista saindo de uma igreja, ou uma pedagoga soltando a franga. Como dizia Dominguinhos, “viver e não ter a vergonha de ser feliz”. ( A Voz do Bugio)