Na sala de uma casa fechada sofre terrivelmente o abandonado. Bem me recordo da noite em que o visitei, depois que ele voltou de uma orgia de ervas e líqüidos. Era sábado de inverno em Vila de Santa Chuva.
Ele não foi jantar no Solar dos Grüningen, onde habitualmente jantava também a divina bandoleira. Preferiu ficar ali prostrado, num abandono de chuva nas calhas, de uva na língua.
Ele não foi jantar no Solar dos Grüningen, onde habitualmente jantava também a divina bandoleira. Preferiu ficar ali prostrado, num abandono de chuva nas calhas, de uva na língua.
Creio mesmo que no Solar dos Grüningen a divina bandoleira esteja, nesse instante, sob uma pensativa árvore e contempla, naquele retiro de sombra, a janela do meu quarto que abre para o jardim. Eu vou reverenciar a divina bandoleira, antes a observo deitada na relva, nua ao vento.
Nunca vi face humana mais serena.
Fernando José Karl