Foto sem crédito, viste!
Os congestionamentos nas estradas não deixam mentir: quando chega o verão, todos os caminhos do Brasil Meridional levam a Balneário Camboriú e, aos trancos e barrancos, a cidade se transforma na capital do Sul. Paulistas, paranaenses, gaúchos, catarinenses, paraguaios, uruguaios, argentinos e, nesta temporada, até as “águas-vivas” fazem daquele balneário o ponto de encontro do Cone Sul.
Oficialmente com 88.118 inscritos, na alta temporada, Balneário Camboriú tem seus seis quilômetros de praia congestionados por 588.118 criaturas flutuantes, apenas na orla principal. Afora os congestionamentos permanentes nas vias de acesso, transversais e paralelas, que subvertem medidas de espaço e tempo: centímetros se transformam em horas e quilômetros numa eternidade.
Fôssemos andorinhas a planar de ponta a ponta sobre aqueles seis quilômetros de areia, veríamos uma paisagem humana que nem mesmo os números estatísticos seriam amostragem mais perfeita. Vista do alto, na praia estende-se uma massa humana compacta e bizarra, considerando-se a indumentária mínima e o aspecto físico de seus componentes: maiôs e biquínis de todas as épocas e medidas, calções de banhos de todas as larguras, barrigas em profusão, um desfilar de dietas malsucedidas sem fim, e cores de todas as estações, especialmente notáveis os tons pálidos do inverno passado.
No entanto, e a bem da nossa auto-estima, devemos lembrar que em Balneário Camboriú são encontrados os mais belos e numerosos exemplares da nossa gente bonita e bronzeada, tanto homens quanto mulheres. Estas, especialmente, não são geralmente vistas à luz do dia. Seres noturnos, as sereias circulam em palácios da luxúria fora do alcance de comuns mortais. No balanço do mar, uma delas foi eleita musa deste verão de 2008: a “água-viva”.
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Do Pontal Sul ao Pontal Norte, é relativamente possível catalogar as diferentes espécies que ocupam os seis quilômetros da praia principal do balneário. Argentinos, uruguaios e paraguaios ainda estão chegando. Argentinos já foram vistos negociando “alquileres” e descarregando cuias e egos, uma operação que deve durar ainda algumas semanas. Uruguaios estão atrasados, aguardando carona com El Niño; e os paraguaios ameaçam ocupar todos os hotéis ainda disponíveis: mas os hoteleiros dizem que a ameaça é falsa.
Do Pontal Sul ao Pontal Norte, é relativamente possível catalogar as diferentes espécies que ocupam os seis quilômetros da praia principal do balneário. Argentinos, uruguaios e paraguaios ainda estão chegando. Argentinos já foram vistos negociando “alquileres” e descarregando cuias e egos, uma operação que deve durar ainda algumas semanas. Uruguaios estão atrasados, aguardando carona com El Niño; e os paraguaios ameaçam ocupar todos os hotéis ainda disponíveis: mas os hoteleiros dizem que a ameaça é falsa.
Pela ostentação e hábitos, os paulistas são os mais identificáveis: de cada dez, oito vão ao mar com relógios e cordões de ouro e se concentram nas faixas de praia mais escuras. Geralmente onde deságuam águas semelhantes às do Rio Tietê.
Os paranaenses são tímidos e reservados: quem encontrar dois curitibanos sentados lado a lado, e estando eles algumas horas sem trocar palavras, não há nenhuma dúvida: eis aí dois vizinhos que moram no mesmo prédio do bairro Batel.
Os gaúchos são os mais espaçosos: cada um deles ocupa o espaço na areia que normalmente uma dúzia de catarinas ocuparia. Em compensação, os catarinas se identificam pelo sotaque viste! – e pelas piadas que contam dos gaúchos.
A última delas diz que deputados do Rio Grande do Sul vão instaurar uma CPI para apurar responsabilidades sobre mais um caso considerado hediondo pelas autoridades locais. Um gaúcho de Bagé foi colocado numa cela com 30 mulheres, tchê!
Ele quer ser transferido para o Pará.
Dante Mendonça [06/01/2008]O Estado do Paraná