60 anos

Luiz Antonio Solda, Itararé, 22 de agosto|1952. Retícula sobre foto de Julio Covello

Luiz Solda nasceu em Itararé e é tão nobre quanto o Barão. Ele sobreviveu para que eu o encontrasse. Eu posso delirar a vontade. Sem ele saber, claro. Eu ainda estava na Vila, lá em Sampa, quando olhei seu traço no Pasquim e ri da desgraça do mundão. O nome completou a liga. Nunca mais desgrudei. Vim para Curitiba e me perdi de um lado. Ele estava perdido do outro. Nunca nos encontramos, apesar de amigos comuns, como a Lina Faria, mãe da nossa Tarsila. Ele se hospedou no Bom Retiro. Eu, no Pinel. A vida baixou nos dois e um dia nos encontramos. Faz pouco tempo. Amor ao primeiro silêncio. Solda é muito mais tímido do que eu era quando a existência para mim era um bloco era um bloco de concreto maior que o Himalaia pesando na minha alma. Se não rir não tem graça. Um dia ele me falou ou escreveu algo assim e eu adotei como filosofia que espalho, assim como digo que Zé Trindade, Costinha e Didi Mocó são meus gurus, entre outros. Começamos a namorar com o consentimento da Vera, dele, e da Sonia, minha. Trocamos palavras ao telefone e mensagens onde vem um cartum e vai uma foto. Desejamos sempre – e foi ele que começou – um divirta-se, saúde e, paras encerrar, um sensacional foda-se. Ter um ídolo como amigo é coisa para privilegiados. E eu invejo o Solda. Inveja boa, como dizem, principalmente porque ele tem uma perua Fiat Panorama branca de mil novecentos e nada e meu Santanão é muito mais novo, tem só 17 anos de uso. Combinamos até nos traços paranoicos. Ele, como todo gênio da raça, é tão seguro quanto um pudim de leite cavalgando um touro num rodeio. Ele começou a publicar seus desenhos aqui porque, vejam  só!, pediu. Minha alma saiu do corpo e foi saltitar de felicidade na rua. Solda é um dos maiores cartunistas do Brasil. Na cidade que adotou luta para manter os sinais exteriores de pobreza, como diz. Diz e escreve. Além de tudo, o sessentão aí é poeta, é repentista, é uma coisa! Há um tempo atrás a filha dele telefonou por algum motivo e foi perfeita como o pai no humor certeiro : “Não sei se te chamo de madrasta ou padrasto”. Na verdade sou apenas um privilegiado de ter como companheiro da turma de sobreviventes o aniversariante do dia. Parabéns e obrigado. Blog do Zé Beto

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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