Maristela sabe, desde há muito, pois foi participante ativa de um dos movimentos de ponta das artes plásticas no Paraná, o da criação da Galeria de Arte Cocaco, que um museu (ou uma galeria) não é só paredes a pendurar quadros. Com este pensamento nasceu o que costumo chamar de “geração Cocaco”, heróica reunião de esforços de um grupo pioneiro de Curitiba, e que, a ferro e fogo, fez acontecer, enfim!, a Semana de Arte Moderna no Paraná.
Com considerável atraso, sem dúvida, mas que persistiria abaeterno caso o grupo, integrado entre outros, por Ênio Marques Ferreira, Philomena Gebran e, claro, Maristela Quarenghi, não enfrentasse a caretália de então. Tal geração dinamitou o paranismo esteticamente duvidoso, senão moralmente condenável.
E pôs os pezões chapados de Portinari e as mulatas de grandes beiços de Di Cavalcanti a circular, para escândalo da velha guarda. Eu mesmo sou testemunha: ao visitar o sonetista curitibano Serafim França, já velhinho, em 1963, ele me perguntou, irônico, quem era o tal doidão que tinha achado uma pedra no meio do caminho… E que aquilo não era poesia, pois não tinha rima nem sentimento (sic, sic)…
O “doidão”, não precisa dizer, senhores, os meus 14 anos descobriram, perplexos, depois, se chamava Carlos Drummond de Andrade… E o homem que não sabia desenhar nem pés, um tal de Portinari… Meninos, isso em Curitiba eu vi e ouvi!
Subtrair Maristela da direção do MON, impossível não concordar com Dante, significaria prejudicar a continuidade do trabalho que ali acontece, independente da coloração ideológica em que se debatem os políticos de plantão.
O MON é bem maior que tudo isso. Wilson Bueno (31/8/2008) O Estado do Paraná.