A coluna comemorativa de domingo passado repercutiu além do esperado. Pretendia eu apenas registrar o 10.º aniversário destes pobres escritos. Não pude deixar, porém, de homenagear Mussa José Assis e Paulo Pimentel, sem os quais não me teria sido possível ocupar este espaço e preenchê-lo com tamanha liberdade por tanto tempo. E aproveitei para perguntar-me se não estaria na hora de recolher as luvas e apear do ringue.

Pois foi este último ponto, de somenos importância, que causou inesperada reação. Alguns integrantes do Grupo dos 15 (universo de leitores da coluna, como se sabe) não captaram o espírito da coisa. Outros, sentiram-se até ultrajados. E a voz rouca das ruas, como gostam de dizer os políticos, fez-se ouvir.

A primeira manifestação partiu, como de costume (“a sua coluna é a minha primeira leitura no domingo”), do bom cearense, tricolor paranista de quatro costados, Antônio Dilson Pereira: “Parabéns pelos dez anos. Quanto à dúvida final, creio que deve ser encarada da seguinte maneira: o colunista têm prestado relevantes serviços ao nosso Estado e País, além de inspirar os seus amigos”.

Seguiu-se o pioneiro por vocação e atleticano de coração Luiz Renato Ribas: “Li o artigo dos 10 anos, como sempre bem alinhavado e, como surpresa, grato ao dono do jornal”.

Outro Renato, o Andrade, profissional do Direito como poucos e também atleticano de carteirinha e camarote, chegou junto: “Dez anos é muito pouco para tão capaz “criança’. Se nos primeiros dez anos seus passos foram tão firmes e dignos, o que se poderá dizer dos próximos 10?! Abaixo o P.S.!”.

Aí fez-se presente o bravo Edson Dallagassa, uma doce criatura, que tenta dissimular a doçura atrás de uma tez enfezada que o tempo tem atenuado e tende a dissipar por inteiro tão logo ele se torne avô.

Pois o Dr. Edson, parceiro de lutas e ideais, a despeito de coxa-branca de nascença, lançou-me o seguinte repto, aqui transcrito na íntegra: “Caríssimo Dr. Célio Heitor: Que papo sinistro é esse? Produzindo coluna em tom de obituário?! Saiba o senhor que, tal como o Pequeno Príncipe da história preferida de dez entre dez misses (veja só o que você está me levando a invocar para reforçar os meus argumentos!…), você se torna responsável por aquilo que cativa”.

“Embora eu não seja representante e nem procurador do ‘Clube dos Quinze’, me sinto na obrigação de alertá-lo que qualquer tentativa de sair de fininho dessa história de colunista vai ser interpretado como covardia. É certo que a cada passagem de aniversário, quando o indivíduo toma consciência do passar do tempo, põe-se a filosofar e a refletir sobre o sentido da vida e das coisas que fez, questionando a validade de continuar fazendo. Mas, creia-me, isso passa! É só dar um tempinho. Pois então!”, “Larga mão desse baixo astral, pois tem uma pá de gente (muito mais do que você imagina) que aguarda com ansiedade o jornal de domingo só para ver ‘o que o Célio Heitor escreveu desta vez’. Ou melhor: ‘o que o Célio Heitor vai desancar agora’. Portanto, nem pensar em jogar a toalha.”.

Eis que entra em cena, então, o desmancha-prazeres Paulo Roberto Motta, um gaúcho, colorado de corpo e alma, que honra a Procuradoria Geral do Estado do Paraná, mas maltrata os amigos: “Para tranqüilidade de todos, aviso que tudo não passa de um breve ataque da ‘síndrome de Sílvio Caldas’. Ainda teremos 999 outras despedidas do Célio”.

Cumpre-me, assim, avisar que ainda não se tratou de uma despedida, nem mesmo mascarada. No máximo, uma quase-despedida. Continuo submisso à vontade das massas. Valha-me N.S. da Luz dos Pinhais!

Célio Heitor Guimarães (31/8/2008)O Estado do Paraná.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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