Os atos de vandalismo são rejeitados mesmo entre eleitores de Jair Bolsonaro. De acordo com o levantamento, 85% não concordam com as invasões. Entre os eleitores de Lula, esse índice é de 94%.
A pesquisa também mediu a percepção da população sobre o papel de Bolsonaro nos atos de 8 de janeiro. 47% dos entrevistados disseram acreditar que o ex-presidente influenciou de alguma forma as invasões, enquanto 43% consideram que não houve interferência.
A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança, 95%. Foram realizadas 2.012 entrevistas presenciais entre os dias 14 e 18 de dezembro.
A rejeição aos atos de vandalismo em Brasília é mais elevada do que a dos americanos um ano após a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Pesquisa realizada pela YouGov mostra que a aprovação ao ataque nos EUA era de 14% em janeiro de 2022. Em levantamento realizado no mês passado, essa taxa chegou a 19%.
Para Felipe Nunes, diretor da Quaest, a invasão do Capitólio nos Estados Unidos “não é hoje um tema da democracia, mas da polarização partidária: democratas x republicanos”.
“No Brasil, para que os índices de apoio às invasões continuem baixos, Lula não deve partidarizar o assunto. É imperativo que esse debate não seja contaminado por cores partidárias, porque trata-se de um problema do Estado brasileiro”, disse.
Gilmar Mendes responsabiliza Bolsonaro
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou em entrevista à agência de notícias AFP que a responsabilidade política do ex-presidente Jair Bolsonaro pelos atos ocorridos em Brasília é inegável.
“A responsabilidade política [de Bolsonaro] é inequívoca. Eu acredito que até mesmo os militares não retiraram esses invasores, esses manifestantes, por conta de algum estímulo que havia por parte da Presidência da República”, disse.
Cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se há elementos suficientes para denunciar Bolsonaro no inquérito que investiga os responsáveis pelos atos golpistas na capital. A PGR analisa se o ex-presidente instigou seus apoiadores contra as instituições e incentivou a não aceitação dos resultados eleitorais.